CLEVELAND, Estados Unidos, 07 Mai 2013 (AFP) - Charles Ramsey conta que, na noite da última segunda-feira, estava sentado em sua casa, cuidando da própria vida, ou melhor, saboreando um sanduíche do McDonald's, quando, de repente, ouviu gritos vindos de uma casa vizinha.
Correndo para o jardim, Ramsey viu que alguém enlouquecidamente chutava a porta de uma casa de dois andares, localizada num tranquilo bairro de Cleveland, Ohio.
"Eu saí... com meu Big Mac... e perguntei: que raios está acontecendo?'", contou Ramsey à
"E a mulher disse: 'Fui sequestrada. Estou nesta casa há muito tempo. Quero ir embora. Agora mesmo".
A mulher era Amanda Berry, 27 anos, que foi sequestrada há dez e cuja fuga audaciosa permitiu que a polícia descobrisse e libertasse outras duas mulheres, Gina DeJesus e Michele Knight, também sequestradas e dadas como desaparecidas há dez anos.
Berry só conseguiu fazer um buraco na porta do tamanho de sua mão, e foi Ramsey que conseguiu ajudá-la a sair da casa carregando uma menina pequena.
Com os vizinhos começando a se aglomerar, Berry levou a foragida para uma casa vizinha e ela conseguiu assim ligar para o 911, o telefone de emergência dos Estados Unidos.
"'Me ajude", falou Berry, visivelmente nervosa. "Sou Amanda Berry. Fui sequestrada e estou desaparecida há dez anos, e estou aqui, estou livre agora".
"Certo", respondeu o operador do 911. "Fique aí com seus vizinhos e fale com a polícia quando ela chegar".
Ramsey também ligou para o 911 e contou a mesma história.
"Ela disse que se chama Linda Berry ou qualquer merda assim. Eu não sei quem ela é", afirmou.
"Ela é negra, branca ou hispânica?", perguntou o operador.
"É branca, mas o bebê dela parece hispânico".
"As pessoas que ela disse que fizeram isso, sabe dizer se estão na casa?", prosseguiu o operador.
"Não faço a menor ideia, cara", respondeu Ramsey.
Quando a polícia chegou, Berry revelou que outras duas mulheres - DeJesus e Knight - estavam dentro da casa.
Elas foram rapidamente resgatadas e os investigadores isolaram o imóvel para poder investigá-lo minuciosamente.
O dono da casa, um ex-motorista de ônibus escolar, Ariel Castro, 52 anos, foi preso - ironicamente lanchando também no McDonald's vizinho -, assim como seus irmãos Pedro, 54, e Oneil, 50.
As três mulheres passaram a noite no hospital MetroHealth de Cleveland, onde o médico Gerald Maloney confirmou que estavam em boas condições apesar de seu suplício.
"Elas conseguiam falar, estavam bem, e a equipe do hospital está tratando de sus necessidades. Isso é bom. Esse tipo de história geralmente não tem esse final", comentou.
Em seu site de pessoas desaparecidas, o FBI, que oferecia uma recompensa de 25 mil dólares por uma informação que levasse a Berry, imediatamente trocou a condição para "resgatada".
Enquanto isso, no YouTube, Ramsey tornou-se um herói e seu vídeo de entrevista virou viral.
Fonte:
http://www.opovo.com.br/app/maisnoticias/mundo/2013/05/07/noticiasmundo,3052029/afp-homem-conta-como-salvou-mulher-sequestrada-ha-10-anos.shtml
Escravas sexuais durante uma década
As três adolescentes que viveram sequestradas durante quase 10 anos terão servido como escravas sexuais dos três irmãos Castro, em Cleveland, nos EUA. A polícia encontrou cordas, correntes e outro material usado para as manietar durante as violações de que foram vítimas.
foto AFP PHOTO / WOIO
Amanda Berry, ao centro, abraçada à irmã, esquerda, e à filha que teve na casa dos captores
Os relatos dos vizinhos, que dizem ter visto, e comunicado à polícia, a existência de estranhos jogos sádicos no quintal de Ariel Castro deixam perceber que as três jovens foram vítimas de repetidos abusos, durante os 10 anos de cativeiro.
Amanda Berry, de 27 anos, Gina De Jesus, de 23, e Michelle Knight, de 32, já são apelidadas, por muitos jornais e outros sites na Internet, de "escravas sexuais".
Segundo os vizinhos, as mulheres foram vistas no pátio da casa a andar de gatas, nuas, acorrentadas e com trelas de cão ao pescoço. Na casa foram encontradas cordas e correntes presas no tecto, além de outro material normalmente associado a práticas de "bondage".
Uma das mulheres, conta a cadeia de televisão CBS, engravidou mais do que uma vez, consequência das violações a que foi submetida na casa. Espancada pelos raptores, acabava por abortar.
Amanda Berry, a mulher que deu o alerta, chegou mesmo a ter uma filha, atualmente com seis anos. Segundo os media norte-americanos, Amanda também terá feito alguns abortos, em resultado dos maus tratos físicos, nomeadamente murros no estômago, e a má nutrição.
Das múltiplas violações ao longo dos anos, terão nascido pelo menos cinco bebés, cujo destino se desconhece. O número 2207 da Avenida Seymour, em Cleveland, nos EUA, é uma verdadeira casa de horrores.
As provações por que passaram três mulheres, raptadas ainda adolescentes, estão a chocar e a comover os norte-americanos, que pedem responsabilidades à polícia, que nunca deu crédito às queixas e relatos dos vizinhos de Ariel Castro, o dono da casa e principal suspeito do rapto das mulheres.
Ariel Castro pode enfrentar pena de morte pelo raptos das três jovens
O Ministério Público de EUA anunciou que está a analisar o pedido de condenação à morte para Ariel Castro, acusado do rapto e de violação de três jovens em Cleveland, durante uma década.
foto JOHN GRESS / REUTERS
Audiência desta quinta-feira durou apenas cinco minutos
Castro compareceu, esta quinta-feira, cedo no tribunal de Cleveland, no estado norte-americano de Ohio (norte), com os seus dois irmãos, Onís e Pedro, que também foram presos pela polícia na segunda-feira, por envolvimento no sequestro de Michelle Knight, 32 anos, de Amanda Berry, 27, e de Gina DeJesus, 23, bem como da filha de Berry, de seis anos, durante cerca de uma década.
Numa rápida audiência de apenas cinco minutos, Onis e Pedro não abordaram Ariel, que manteve a cabeça baixa durante toda a sessão, trocando apenas algumas palavras, em voz baixa, com a advogada.
A juíza decretou uma fiança de dois milhões de dólares por cada um dos três casos de sequestro e violação e outros dois milhões de dólares pelo sequestro da menor, totalizando 8 milhões de dólares (6,1 milhões de euros).
Também quinta-feira, um promotor de Cuyahoga, em Cleveland, Timothy McGinty, disse que estudará a sentença de pena de morte para Ariel, porque a sua intenção é acusá-lo de assassínio, pelos supostos abortos que provocou às jovens durante o sequestro.
De acordo com McGinty, o estado de Ohio condena à pena de morte "a maioria dos criminosos que cometem homicídio agravado durante um sequestro".
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