A formação do mundo medieval:
Roteiro de estudos
1. É possível afirmar que as
invasões bárbaras foram sempre ações militares de conquista?
Não. Em
meados do século II, a dificuldade em obter mão de obra escrava para o trabalho
agrícola, devido ao término das guerras de conquista, levou Roma a arrendar aos
germanos pequenos lotes de terra. A infiltração dos “bárbaros”, aconteceu, a
princípio, na região entre os rios Reno e Danúbio, onde os germanos passaram a cultivar
os campos em troca de um dízimo pago ao governo imperial romano. A migração
consentida aos “bárbaros”, a partir do século IV, no Império Romano, ocorreu
com a licença e mesmo com o incentivo do Estado, que os recebia como povos
federados. Em resumo, as invasões
dos povos germânicos foram, de um lado, ações militares de conquista, e de
outro, migrações pacíficas sob a chancela dos imperadores.
Obs.: Naquele período, os romanos tinham o
costume de chamar esses invasores estrangeiros de “bárbaros”. Essa palavra de
origem grega era genericamente destinada a todo aquele que não tinha capacidade
de assimilar a língua e os costumes romanos. Apesar dessa distinção, as invasões bárbaras foram
responsáveis diretas por um intenso intercâmbio cultural que modificou
profundamente a formação étnica, política, econômica, linguística e religiosa
do mundo ocidental.
2. Caracterize a organização
social, política e econômica dos germanos.
R. A organização social dos
bárbaros se baseava na “sipe”, um clã formado por famílias ligadas entre si por
parentesco onde cada um protegia ao outro e onde a ofensa a um deles
significava a ofensa a toda à sipe. Como não conheciam a organização em um
estado a instituição mais importante dos bárbaros era a Assembleia de
Guerreiros que decidia sobre todas as questões, decidindo inclusive quem seria
o rei. Eram guerreiros, mas também camponeses. Viviam, sobretudo, da
agricultura e do pastoreio. Sua religião era politeísta e Odin, o deus do vento
e da guerra, seu principal representante. Eles acreditavam que após a morte os
bravos guerreiros iriam desfrutar de um paraíso, como uma vida após a morte.
3. Qual a importância da
invasão da Europa ocidental pelos hunos?
R. Os principais povos
germânicos que invadiram o Império Romano foram os hunos, os vândalos, os
visigodos, os ostrogodos, os francos, os lombardos e os anglo-saxões. Em alguns
momentos, eles conseguiram alcançar a cidade de Roma, saqueando a cidade e buscando
destruí-la. Em 476, o líder dos hérulos, Odoacro, comandou a invasão e o saque
de Roma, destronando o último imperador romano Rômulo Augusto. Odoacro enviou
as insígnias imperiais à capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla,
decretando o fim do Império do Ocidente. Assim começou o período medieval, que
os historiadores dividem em duas fases: Alta Idade Média (do século V ao X) e
Baixa Idade Média (do século XI ao XV). A importância dessa invasão foi que
deflagrou o Império Romano do Ocidente, que ruiu, e ascendeu a parte oriental
do Império Romano que se tornou, a partir dos séculos seguintes, uma potência
no mundo mediterrâneo. A sede do Império Romano do Oriente ou Império Bizantino
era a cidade de Constantinopla (atual Istambul, na Turquia).
4. O que se passou com a parte
oriental do Império Romano após a queda de Roma, no século V?
R. Apesar da Influência
romana, evidente na estrutura política do império, heranças gregas e asiáticas
tornaram a cultura bizantina diferentes da romana nos mais variados aspectos:
religioso, arquitetônico, artístico, linguístico. O idioma falado em Bizâncio
era o Grego. A capital do Império Bizantino era Constantinopla, que era situada
num ponto estratégico, eixo comercial, que ligava o mar Negro ao mar Egeu. Retratavam
a vida de Jesus, dos profetas e dos imperadores bizantinos, cujo poder era
considerado divino. O império Bizantino conheceu seu esplendor durante o
reinado de Justiniano (527 – 565), que procurou restaurar a autoridade imperial
em territórios controlados pelo antigo Império Romano, mantendo o mar
Mediterrâneo como eixo da economia. Restabeleceu os quadros administrativos
romanos e determinou a compilação e revisão do Direito Romano. Em 528, nascia o Código de Direito Civil
(Corpus Luris Civilis), cujo livro mais importante, o Código de Justiniano,
afirmava o poder ilimitado do imperador e a submissão de colonos e escravos aos
seus senhores. O imperador era considerado o representante de Deus na Terra. Em
730, iconoclastia tornou-se doutrina
oficial, por decreto do imperador Leão III, proibindo o culto às imagens.
Somente em 843 o culto às imagens foi restaurado.
5. Qual fato deu início à
aliança entre o reino dos francos e a Igreja no início da Idade Média?
R. A vitória dos francos sobre
os alamanos estimulou a conversão de Clóvis ao cristianismo da Igreja de Roma. Em
496, ele foi batizado em Reims, fato que se tornou um marco importante para a
história dos francos e da Igreja no mundo medieval. Ele unificou os francos e
fundou uma monarquia cristã na qual o poder político era legitimado pela Igreja
de Roma, assumindo o papel de defensor do credo romano.
6. Que consequências
econômicas e sociais o Ocidente europeu sofreu com o processo de ruralização?
R. A partir de meados do
século IX, o Ocidente adquiriu as características que iriam marcar boa parte da
Idade Média: do ponto de vista econômico-social, o triunfo da ruralização; O processo de ruralização fez com que o extenso
sistema de cobrança de impostos e o comércio perdessem o grande papel outrora
desempenhado. Assim, houve a descentralização do poder da terra; Iniciou-se o poder de servidão e lealdade ao senhor proprietário e agricultura de subsistência. Houve uma onda de invasões ao império fragilizado do Ocidente, sobretudo de
vikings ou normandos (ao norte), húngaros (a leste) e sarracenos (na península
Ibérica e ao sul da península Itálica). Essas invasões, somada à ruralização e
à descentralização política, propiciaram a formação do feudalismo (A economia
feudal baseava-se principalmente na agricultura.
7. Por que a desagregação do
Império Carolíngio abriu caminho para o feudalismo?
R. O Tratado de Verdun,
em 843, oficializou a partilha do Império Carolíngio em três reinos menores. Tal ação foi início da desintegração
territorial, tendo em vista o consequente enfraquecimento militar e as
invasões provocadas pelos vikings e outros povos. Dessa maneira,
os nobres proprietários de terra passaram a experimentar uma maior autonomia
política. Uma das características fundamentais do feudalismo se viabilizava no
momento em que as invasões estrangeiras e a fragmentação do território
aconteciam. Essas novas invasões, somada à ruralização e à descentralização política, propiciaram a formação do feudalismo.
8. Defina a corveia imposta
aos camponeses medievais.
R. Tributo em trabalho na
reserva ou castelo senhorial três dias da semana.
9. Diferencie vassalagem de
servidão.
R. Existiam dois tipos de
relação social na sociedade feudal, ambas legitimadas pela Igreja: a de
Vassalagem, que unia os nobres cavaleiros por compromisso de lealdade pessoal;
e a Servidão, que assegurava a exploração dos camponeses.
10. Os impérios do mundo antigo
tinham ampla abrangência territorial e estruturas complexas, o que implicava
custos crescentes de administração. No caso do Império Romano, cite os exemplos
desses custos.
R. As despesas militares, a
realização de obras públicas e a manutenção de estradas.
11. O termo “bárbaro” teve
diferentes significados ao longo da história. Sobre os usos desse conceito, o
que podemos afirmar?
R. Bárbaro foi uma denominação
comum a muitas civilizações para qualificar os povos que não compartilhavam dos
valores destas civilizações.
12. Vândalo (do latim
vandulus). S. m. 1. Membros de um povo germânico de bárbaros que, na
Antiguidade, devastaram o Sul da Europa e o Norte da África. 2.Fig. Aquele que
destrói monumentos ou objetos respeitáveis. 3. Fam. Indivíduo duro que tudo
destrói, quebra, rebenta.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.
Novo Aurélio Século XXI: dicionário da língua portuguesa. 3. Ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1999. (Adaptado).
O verbete “vândalo” indica que
o mesmo termo adquire diferentes significados. O sentido predominante no
dicionário citado, e amplamente empregado na cobertura midiática das recentes
manifestações no Brasil, decorre da prevalência, em qual cultura ocidental?
R. Decorre da prevalência do mundo dos romanos,
que, negando a cultura dos povos germânicos, consolidou a dicotomia entre
civilização e barbárie.
13. A civilização bizantina
floresceu na Idade Média, deixando, em muitas regiões da Ásia e da Europa,
testemunhos de sua irradiação cultural. Quais as contribuições artísticas
bizantinas que se difundiram, expressando forte destinação religiosa?
R. Inspiraram a criação de
grandes mosaicos, expressão máxima da arte bizantina, que, além de decorar
fontes e abóbadas, eram um meio de instrução espiritual para os fiéis. Retratavam
a vida de Jesus, dos profetas e dos imperadores bizantinos. Conjugaram o arco,
a abóbada e a cúpula, formatos arredondados, com um plano centrado, em forma
quadrada ou em cruz grega.
Significado
de Abóbada: substantivo
feminino [Arquitetura] Obra de alvenaria arqueada em que os elementos que a
constituem (pedras, tijolos etc.) se apoiam uns nos outros, assumindo a forma
de cobertura: abóbada de uma catedral. Abóbada de berço, abóbada em
semicírculo, cujo comprimento é superior à largura. Abóbada de aresta, que é
formada pela interseção de dois semicilindros. Abóbada celeste, o céu. Abóbada
craniana, a parte superior da caixa craniana. Abóbada palatina ou palatal, a
parede superior da boca e inferior das fossas nasais; céu da boca. Sinônimos de Abóbada: arcada, arqueamento, cúpula, zimbório.
|
||||||||||
|
15. (PUC-RS 2006). INSTRUÇÃO: Para
responder à questão, considere as seguintes afirmativas sobre o Império Carolíngio,
constituído a partir do reino dos Francos durante a chamada Alta Idade Média.
I. A dinastia carolíngia, a partir de Pepino, o
Breve, no século VIII, buscou combater o poder temporal da Igreja através do
confisco de terras eclesiásticas e da dissolução do chamado Patrimônio de São
Pedro, na Itália.
II. A partir do reinado de Carlos Magno, coroado "imperador dos romanos" no ano de 800, a servidão enfraqueceu-se consideravelmente na Europa, pois o Estado impunha aos nobres a transformação dos servos da gleba em camponeses livres, para facilitar o recrutamento militar.
III. Apesar de procurar centralizar o poder, Carlos Magno contribuiu para a descentralização política no Império, ao distribuir propriedades de terras e direitos vitalícios entre os vassalos, em troca de lealdade e de serviço militar.
IV. O Tratado de Verdun, firmado entre os netos de Carlos Magno após esses guerrearem entre si, dividia o Império em três partes, que passavam a constituir Estados apenas nominais, devido à consolidação da ordem política feudal.
São corretas apenas as afirmativas
a.
I e II.
b.
II e III.
c.
III e IV.
d.
I, II e IV.
e.
I, III e IV.
16. (UFRGS-2006). O assim
denominado Grande Cisma do Oriente foi uma consequência:
a) da Reforma Calvinista, que,
ao pregar a predestinação e o livre-arbítrio, acabou com a unidade da Igreja
Católica.
b) da Querela das
Investiduras, travada entre o Papa e o Imperador, a qual versava sobre a
proibição de leigos concederem a posse de cargos na Igreja.
c) da emergência do islamismo,
que propiciou aos árabes um ponto de união e identidade, mas os separou dos
ocidentais.
d) do confronto entre a Igreja de Roma e a de Constantinopla, que
resultou na cisão entre os ramos gregos e romanos do catolicismo.
e) do conflito religioso que
instalou um papa em Avignon e outro em Roma, perturbando por décadas a
concórdia interna da Igreja.
17. (UFPA-2009). Nas relações de
suserania e vassalagem dominantes durante o feudalismo europeu, é possível
observar que:
a) a servidão representou,
sobretudo na França e na Península Ibérica, um verdadeiro renascimento da
escravidão conforme existia na Roma Imperial.
b) os suseranos leigos,
formados pela grande nobreza fundiária, distinguiam juridicamente os servos que
trabalhavam nos campos dos que produziam nas cidades.
c) mesmo dispondo de grandes
propriedades territoriais, os suseranos eclesiásticos não mantinham a servidão
nos seus domínios, mas sim o trabalho livre.
d) o sistema de impostos incidia de forma pesada sobre os servos. O
imposto da mão morta, por exemplo, era pago pelos herdeiros de um servo que
morria para que continuassem nas terras pertencentes ao suserano.
e) as principais instituições
sociais que sustentavam as relações entre senhores e servos eram de origem
muçulmana, oriundos da longa presença árabe na Europa Ocidental.
LETRA
D. Marcando a condição subalterna dos servos, os proprietários
de terra detinham o direito de impor outros impostos, para além do já
estabelecido uso da força de trabalho dos servos. Por meio dos impostos e
obrigações, os senhores feudais reafirmavam a sua autoridade e determinavam uma
condição de vida bastante restrita para os camponeses que se encontravam sob
seus domínios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu mundo é do tamanho de seu conhecimento... Volte sempre!