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Sessão da Câmara Municipal

sábado, 26 de outubro de 2013

Dom Pedro II



Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Dom Pedro II
Imperador do Brasil
Imperador do Brasil
Pedro II circa 1887b transparent.png
Dom Pedro II aos 61 anos de idade, 1887
Governo
Reinado7 de abril de 1831 –
15 de novembro de 1889
Coroação18 de julho de 1841
ConsorteTeresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias
AntecessorDom Pedro I
HerdeiroIsabel, Princesa Imperial do Brasil
SucessorNenhum
Brasil República (Deodoro da Fonseca)
DinastiaCasa de Bragança
Vida
Nascimento2 de dezembro de 1825
Rio de Janeiro
Morte5 de dezembro de 1891 (66 anos)
Paris, França
SepultamentoMausoléu imperialCatedral de Petrópolis
FilhosAfonso, Príncipe Imperial do Brasil
Isabel, Princesa Imperial do Brasil
Leopoldina, Princesa do Brasil
Pedro, Príncipe Imperial do Brasil
PaiDom Pedro I
MãeLeopoldina de Áustria
AssinaturaAssinatura de Dom Pedro II
Dom Pedro II (Rio de Janeiro2 de dezembro de 1825 – Paris5 de dezembro de 1891), alcunhado o Magnânimo1 2 foi o segundo e último monarca do Império do Brasil, tendo reinado o país durante um período de 58 anos.[A] Nascido no Rio de Janeiro, foi o filho mais novo do Imperador Dom Pedro I do Brasil e da Imperatriz Dona Maria Leopoldina de Áustria e, portanto, membro do ramo brasileiro da Casa de Bragança. A abrupta abdicação do pai e sua viagem para a Europa tornaram Pedro imperador com apenas cinco anos, resultando em uma infância e adolescência tristes e solitárias. Obrigado a passar a maior parte do seu tempo estudando em preparação para imperar, ele conheceu momentos breves de alegria e poucos amigos de sua idade. Suas experiências com intrigas palacianas e disputas políticas durante este período tiveram grande impacto na formação de seu caráter. Pedro II cresceu para se tornar um homem com forte senso de dever e devoção ao seu país e seu povo. Por outro lado, ele ressentiu-se cada vez mais de seu papel como monarca.
Herdando um Império no limiar da desintegração, Pedro II transformou o Brasil numa potência emergente na arena internacional. A nação cresceu para distinguir-se de seus vizinhos hispano-americanos devido a sua estabilidade política, a liberdade de expressão zelosamente mantida, respeito aos direitos civis, a seu crescimento econômico vibrante e especialmente por sua forma de governo: uma funcional monarquia parlamentar constitucional. O Brasil também foi vitorioso em três conflitos internacionais (a Guerra do Prata, a Guerra do Uruguai e a Guerra do Paraguai) sob seu reinado, assim como prevaleceu em outras disputas internacionais e tensões domésticas. Pedro II impôs com firmeza a abolição da escravidão apesar da oposição poderosa de interesses políticos e econômicos. Um erudito, o Imperador estabeleceu uma reputação como um vigoroso patrocinador do conhecimento, cultura e ciências. Ele ganhou o respeito e admiração de estudiosos como Graham BellCharles DarwinVictor Hugo e Friedrich Nietzsche, e foi amigo de Richard WagnerLouis Pasteur e Henry Wadsworth Longfellow, dentre outros.
Apesar de não haver desejo por uma mudança na forma de governo da maior parte dos brasileiros, o Imperador foi retirado do poder num súbito golpe de Estado que não tinha maior apoio fora de um pequeno grupo de líderes militares que desejam uma república governada por um ditador. Pedro II havia se cansado da posição de Imperador e se tornado desiludido quanto as perspectivas do futuro da monarquia, apesar de seu grande apoio popular. Ele não permitiu qualquer medida contra sua remoção e não apoiou qualquer tentativa de restauração da monarquia. Passou os seus últimos dois anos de vida no exílio na Europa, vivendo só e com poucos recursos.
O reinado de Pedro II veio a um final incomum — ele foi deposto apesar de altamente apreciado pelo povo e no auge de sua popularidade, e algumas de suas realizações logo foram desfeitas visto que o Brasil deslizou para um longo período de governos fracos, ditaduras e crises constitucionais e econômicas. Os homens que o exilaram logo começaram a enxergá-lo como um modelo para a república brasileira. Algumas décadas após sua morte, sua reputação foi restaurada e seus restos mortais foram trazidos de volta ao Brasil como os de um herói nacional. Sua reputação perdurou até o presente. Os historiadores o enxergam numa visão extremamente positiva, sendo considerado por vários o maior brasileiro.

Primeiros anos

Nascimento


Pedro II aos 10 meses de idade, 1826
Pedro nasceu às 2h30 da manhã do dia 2 de dezembro de 1825 no Paço de São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro.3 4 5 Batizado em homenagem a São Pedro de Alcântara,6 7 seu nome completo era Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga.1 8 9 7
Pelo seu pai, o Imperador Pedro I, ele era membro do ramo brasileiro da Casa de Bragança e seu nome era precedido pelo honorífico "Dom" ("Senhor" or "Lorde") desde o nascimento.10 Foi neto do rei português Dom João VI e sobrinho de Dom Miguel I.11 12 Sua mãe foi a Arquiduquesa Maria Leopoldina da Áustria, filha de Francisco II, último monarca do Sacro Império Romano-Germânico. Por sua mãe, Pedro era sobrinho de Napoleão Bonaparte e primo carnal dos ImperadoresNapoleão II de França, Francisco José I de Áustria-Hungria e Dom Maximiliano I do México.12 13 14
Único filho do sexo masculino legítimo de Pedro I a sobreviver a infância, foi oficialmente reconhecido como herdeiro do trono brasileiro com o título de Príncipe Imperial a 6 de agosto de 1826.8 15 A Imperatriz Leopoldina morreu a 11 de dezembro de 1826, poucos dias após dar a luz a um menino natimorto,16 quando Pedro tinha um ano de idade.14 Pedro não guardou recordações de sua mãe, a não ser pelo que depois lhe foi contado.17 18 A influência e lembrança de seu pai também apagou-se com o tempo, e não guardou fortes imagens de Pedro I, mas apenas poucas e vagas lembranças.19
Dois anos e meio após a morte de Leopoldina, o Imperador casou-se com Amélia de Leuchtenberg. O Príncipe Pedro passou pouco tempo com sua madrasta; no entanto, criaram um relacionamento afetuoso20 21 22 e mantiveram contato até a morte dela em 1873.23O Imperador Pedro I abdicou em 7 de Abril de 1831, após um longo conflito com a facção liberal (que por sua vez iria mais tarde dividir-se nos dois partidos dominantes na monarquia, o Conservador e o Liberal) dominante no parlamento. Ele e Amélia partiram imediatamente para a Europa, onde Pedro I iria lutar para restaurar sua filha Maria II, cujo trono em Portugal fôra usurpado por seu irmão Miguel I.24 25 Deixado para trás, o Príncipe Imperial Pedro tornou-se "Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil".5

Educação


O Imperador Pedro II aos 12 anos de idade vestindo o uniforme imperial de gala, 1838
Ao deixar o país, o Imperador Pedro I selecionou três pessoas para cuidarem de seu filho e das filhas remanescentes. A primeira foi José Bonifácio de Andrada, seu amigo e líder influente da independência brasileira, nomeado tutor.26 27 A segunda foi Mariana Carlota de Verna Magalhães Coutinho (depois Condessa de Belmonte), que detinha o cargo de aia desde o nascimento de Pedro II.28 Quando bebê, Pedro II a chamava de "dadama", pois não pronunciava corretamente a palavra "dama".15 Considerava-a sua mãe de criação, e continuaria a chamá-la por afeto de "dadama" mesmo já adulto.3 29 A terceira pessoa escolhida foi Rafael, um veterano negro da Guerra da Cisplatina.28 30 Rafael era um empregado do paço em quem Pedro I possuía profunda confiança, e pediu que olhasse por seu filho—pedido que levaria a termo pelo resto de sua vida.8 30
José Bonifácio foi destituído de sua posição em dezembro de 1833 e substituído por outro tutor.31 32 33 Pedro II passava os dias estudando,34 com apenas duas horas livres para recreação.35 Acordava às 6h30 da manhã e começava seus estudos às sete, continuando até as dez da noite, quando ia para cama.36 Tomou-se grande cuidado em sua educação para formar valores e personalidade diferente da impulsividade e irresponsabilidade demonstradas por seu pai.31 37 Sua paixão por leitura lhe permitiu assimilar qualquer informação.38 Pedro II não era um gênio,39 mas inteligente40 e com grande capacidade para acumular conhecimento facilmente.41
O Imperador teve uma infância solitária e infeliz.8 42 A perda súbita de seus pais o assombraria por toda a vida;43 ele teve poucos amigos de sua idade28 36 44 e o contato com suas irmãs era limitado.31 34 44 O ambiente em que foi criado o tornou tímido e carente45 46 , enxergando nos livros refúgio e fuga do mundo real.47 48

Coroação antecipada


A coroação de Pedro II aos 15 anos de idade em 18 de julho de 1841
A elevação de Pedro II ao trono imperial em 1831 levou a um período de crises, o mais conturbado da história do Brasil.49 Uma regência foi criada para governar em seu lugar até que atingisse a maioridade.24 Disputas entre facções políticas resultaram em diversas rebeliões e levaram a uma situação instável, quase anárquica, sob os regentes.50
A possibilidade de diminuir a idade em que o jovem Imperador seria considerado maior de idade, ao invés de esperar até que completasse 18 anos de idade em 2 de dezembro de 1843, era levada em consideração desde 1835.51 52 53 A ideia era apoiada, de certa forma, pelos dois principais partidos políticos.52 54 Acreditava-se que aqueles que o auxiliassem a tomar as rédeas do poder estariam em posição para manipular o jovem inexperiente.55 Aqueles políticos que haviam surgido na década de 1830 haviam se tornado familiares aos perigos de governar. De acordo com o historiador Roderick J. Barman, "eles haviam perdido toda a fé em sua habilidade para governar o país por si só. Eles aceitaram Pedro II como uma figura de autoridade cuja presença era indispensável a sobrevivência do país."56 O povo brasileiro também apoiava a diminuição da maioridade, e consideravam Pedro II "o símbolo vivo da união da pátria"; esta posição "deu a ele, aos olhos do público, uma autoridade maior do que a de qualquer regente."57
Aqueles que defendiam a imediata declaração de maioridade de Pedro II passaram uma moção requisitando ao Imperador que assumisse poderes plenos.58 Uma delegação foi enviada a São Cristóvão para perguntar se Pedro II aceitaria ou rejeitaria a declaração antecipada de sua maioridade.58 59 60 Ele respondeu timidamente que "sim" quando perguntado se desejaria que a maioridade fosse diminuida, e "já" quando indagado se desejaria que viesse a ter efeito naquele momento ou preferiria esperar até o seu aniversário em dezembro.61 62 No dia seguinte, em 23 de julho de 1840, a Assembléia Geral (o parlamento brasileiro) declarou formalmente Pedro II maior aos 14 anos de idade.63 64 Lá, a tarde, o jovem Imperador prestou o juramento de ascensão.65 66 Foi aclamado, coroado e consagrado em 18 de julho de 1841.67 68

Consolidação

Casamento


Teresa Cristina, esposa de Pedro II, aos 24 anos de idade, 1846
O fim da regencia facciosa estabilizou o governo. Com um legítimo monarca no trono, a autoridade foi revestida numa única e clara voz.69 Pedro II percebia o seu papel como o de um árbitro, mantendo seus conceitos pessoais de lado para não afetarem o seu dever de desemaranhar disputas políticas partidárias.69 O jovem monarca era dedicado, realizando inspeções diárias pessoais e visitas a repartições públicas. Seus súditos eram impressionados com a sua aparente auto-confiança,69 apesar de que sua timidez e falta de desenvoltura eram vistas como defeitos. Seu jeito reservado de falar apenas uma ou duas palavras a cada vez tornavam conversações diretas extremamente difíceis.70 Sua natureza taciturna era manifestação de uma prevenção quanto a relações próximas que tinha origem nas experiências de abandono, intriga e traição que vivenciou na infância.71
Por trás das cenas, um grupo de servos palacianos de alto nível e notáveis políticos tornou-se conhecido como "Facção Áulica" (e também "Clube da Joana") por estabelecerem influência sobre o jovem Imperador—e algum eram de fato próximos, como Mariana de Verna.72 Pedro II foi usado com maestria pelos áulicos para eliminar seus inimigos (reais ou imaginários) através da remoção de seus rivais. Acesso a pessoa do monarca por políticos rivais e as informações que este recebia eram cuidadosamente controladas. Uma rodada contínua de negócios de governos, estudos, eventos e aparições pessoais, utilizadas como distrações, mantiveram o Imperador ocupado, isolando-o efetivamente e impedindo-o de perceber a extensão do quanto estava sendo explorado.73
Preocupados com a taciturnidade e imaturidade do Imperador, os áulicos acreditavam que um casamento poderia melhorar o seu comportamento e sua personalidade.74 O governo do Reino das Duas Sicílias ofereceu a mão da Princesa Teresa Cristina.75 76 77 Um retrato foi enviado e este revelava uma jovem e bela mulher, o que levou Pedro II a aceitar a proposta.78 79 Eles foram casados por procuração em Nápoles em 30 de maio de 1843.80 81 82 A nova Imperatriz do Brasil desembarcou no Rio de Janeiro em 3 de setembro.83 84 Ao vê-la pessoalmente o Imperador aparentou estar claramente decepcionado.85 86 87 A pintura que havia recebido era claramente uma idealização; a Teresa Cristina real era baixa, um pouco acima do peso, coxa e apesar de não ser feia, também não era bonita.85 86 88 Ele fez pouco para esconder sua desilusão. Um observador afirmou que ele deu às costas a Teresa Cristina, outro disse que ele estava tão chocado que precisou sentar, e é possível que ambos tenham ocorrido.85 Naquela noite Pedro II chorou e reclamou para Mariana de Verna, "Eles me enganaram, Dadama!"85 87 89 Foram necessárias horas para convencê-lo de que o dever exigia que ele seguisse em frente com o matrimônio.85 87 89 Uma celebração nupcial, com a ratificação dos votos tomados por procuração e o conferimento de uma benção nupcial, ocorreu no dia seguinte, 4 de setembro.90 91 92

Estabelecimento da autoridade imperial


Pedro II, aos 20 anos de idade, 1846
Por volta de 1846 Pedro II já havia amadurecido fisicamente e mentalmente. Ele não era mais o jovem inseguro de 14 anos idade que se permitia levar por boatos, por sugestões de complôs secretos, e outras táticas manipuladoras.93 Ele cresceu num homem, que com 1, 90 m de altura,94 95 olhos azuis e cabelos loiros,60 85 94 era descrito como belo.38 85 96 Com seu crescimento, suas fraquezas desapareceram e suas qualidades de caráter vieram a tona. Ele aprendeu não só a ser imparcial e dedicado, mas também cortês, paciente e sensato. A medida que ele começou a exercer por completo sua autoridade, suas novas habilidades sociais e dedicação no governo contribuíram grandemente para sua eficiência imagem pública.93 O historiador Roderick J. Barman o descreveu: "Ele mantinha suas emoções sob disciplina férrea. Ele nunca era rude e nunca perdia a cabeça. Ele era excepcionalmente discreto com as palavras e cauteloso na forma de agir."97
No fim de 1845 e no início de 1846 o Imperador realizou uma viagem pelas províncias mais ao sul do Brasil, passando por São Paulo (do qual o atual Paraná então fazia parte), Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ele ficou surpreso pela recepção entusiástica e calorosa que recebeu em todas as províncias.98 Este sucesso o encourajou, pela primeira vez na vida, a agir de forma confiante por iniciativa e juízos próprios.99 Mais importante, este período viu o fim da Facção Áulica. Pedro II eliminou com sucesso toda e qualquer influência que os áulicos detinham ao removê-los de seu círculo íntimo ao mesmo tempo em que evitava uma perturbação pública.100

Pedro II por volta dos 22 anos de idade, c. 1848. Esta é uma cópia posterior de um daguerreótipopresumivelmente perdido. É a fotografia sobrevivente mais antiga do Imperador
Pedro II enfrentou três graves crises entre 1848 e 1852.97 O primeiro teste veio como a confrontação ao tráfico ilegal de escravos provenientes do continente africano. Este havia sido legalmente extinto como parte de um tratado com a Grã-Bretanha.101 O tráfico permaneceu inalterado, no entanto, e o parlamento britânico promulgou o Bill Aberdeen em 1845, autorizando navios de guerra britânicos de abordarem navios de carga brasileiros e apreender os que estivessem envolvidos no tráfico, Enquanto o Brasil se encontrava preso a este problema, a Revolta Praieira eclodiu em 6 de novemro de 1848. Se tratou de um conflito entre facções políticas locais na província de Pernambuco, e foi suprimida em março de 1849. A lei Eusébio de Queirós foi promulgada em 4 de setembro de 1850, provendo ao governo brasileiro autoridade ampla para combater o tráfico liegal de escravos. Com esta nova ferramenta, o Brasil passou a eliminar a importação de escravos. Por volta de 1852 esta primeria crise estava eliminada, com a Grã-Bretanha reconhecendo que o tráfico havia sido suprimido.102
A terceira crise envolveu um conflito com a Confederação Argentina relacionado a ascendência sobre os territórios ao redor do Rio da Prata e da livre navegação de seus afluentes.103 Desde a década de 1830 que o ditador argentino Dom Juan Manuel de Rosas apoiava rebeliões dentro do Uruguai e do Brasil. Somente em 1850 que foi possível ao Brasil reagir a ameaça que representava Rosas.103 Uma aliança foi forjada entre o Brasil, Uruguai e províncias rebeldes argentinas,103 levando a Guerra do Prata e a consequente queda do governante argentino em Fevereiro de 1852.104 105 Nas palavras do historiador Roderick J. Barman, uma "porção considerável do crédito deve ser ... assinalado ao Imperador, cuja cabeça fria, tenacidade em seu propósito, e um senso do que era possível se revelaram indispensáveis."97
O sucesso do Império em sua atuação nas três crises aumentou consideravelmente a estabilidade e prestígio da nação, e o Brasil emergiu como um poder no hemisfério.106Internacionalmente, os europeus começaram a enxergar o país como personificador de ideais liberais familiares, como liberdade de imprensa e respeito constitucional a liberdades civis. Sua monarquia parlamentarista representativa se firmava em grave contraste a mistura de ditaduras e instabilidade endêmica as demais nações da América do Sul durante este período.107 108 109

Crescimento

Pedro II e a política


Pedro II, por volta dos 25 anos de idade, c. 1851
No início da década de 1850, o Brasil gozava de estabilidade interna e de prosperidade econômica.110 111 A nação estava sendo ligada de um ponto a outro através de linhas férreas, telegráficas e de navios a vapor, unindo-a em uma única entidade.110 Na opinião pública em geral, tanto doméstica quanto externa, esses feitos eram possíveis devido a duas razões: "ao seu governo como uma monarquia e pela personalidade de Pedro II".110
Pedro II não era nem uma figura ornamental como os monarcas da Grã-Bretanha e nem um autocrata à maneira dos czares russos. O Imperador exercia poder através da cooperação com políticos eleitos, interesses econômicos e apoio popular.112 Esta interdependência e interação fizeram muito para influenciar a direção do reinado de Pedro II.113 Os mais notáveis sucessos políticos do Imperador foram alcançados devido a maneira cooperativa e de não-confrontação no qual ele agia quanto a interdependência e interação com interesses diversos e com as figuras partidárias nos quais ele tinha que lidar. Ele era impressionantemente tolerante, raramente se ofendendo com críticas, oposição, ou mesmo incompetência.114 Ele era cuidadoso em nomear somente candidatos altamente qualificados para posições no governo, e buscava coibir a corrupção.115 Ele não tinha autoridade constitucional para forçar a aceitação as suas iniciativas sem o devido apoio, e sua maneira colaboradora quanto a governar manteve a nação progredindo e permitiu ao sistema político funcionar com sucesso.116
As incertezas de sua infância e a exploração sofrida nas mãos de outros durante a sua juventude fizeram com que o Imperador se determinasse a manter um controle sobre seu próprio destino. Em sua visão, para atingir a auto-determinação seria necessário obter poder necessário e mantê-lo.117 Ele usava sua ativa e essencial participação no direcionamento do governo como meios de influência. Sua direção se tornou indispensável, apesar de que nunca resultou em um "governo de um homem só".118 O Imperador respeitava as prerrogativas da lesgislatura, mesmo quando os políticos resistiam, postergavam ou frustravam seus objetivos e nomenações.119
O sistema político nacional brasileiro assemelhava-se ao de outras nações parlamentaristas. O Imperador, como Chefe de Estado, pediria a um membro do Partido Conservador ou do Partido Liberal para formar um gabinete. O outro partido formaria a oposição na legislatura, como contrapeso ao novo governo. "Em seu manejo dos dois partidos, ele tinha que manter uma reputação de imparcialidade, trabalhar de acordo com a vontade popular, e evitar qualquer imposição flagrante de sua vontade na cena política."120
A presença ativa de Pedro II na cena política era parte importante da estrutura do governo, que também incluia o gabinete de ministros, a Câmara dos Deputados e o Senado (os últimos dois formavam a Assembléia Geral ou Parlamento). A maior parte dos políticos apreciavam e apoiavam o papel do Imperador. Muitos haviam vivido durante o período regencial, quando a falta de um monarca que poderia manter-se acima de interesses mesquinhos e próprios levou a anos de luta entre facções políticas. Suas experiências com a vida pública criaram neles a convicção de que o Imperador era "indispensável para paz e prosperidade permanente do Brasil."121

Vida doméstica


As crianças remanescentes de Pedro II em 1855: Princesas LeopoldinaIsabel (sentada)
O casamento de Pedro II e Teresa Cristina começou mal. Com maturidade, paciência, e o nascimento de seu primeiro filho, Afonso, o relacionamento melhorou.104 122 Mais tarde Teresa Cristina teve outros três filhos: Isabel, em 1846; Leopoldina, em 1847; e por último, Pedro, em 1848.89 123 124 Contudo, ambos os meninos morreram na infância, o que devastou o Imperador.89 125 126 Além de sofrer como pai, sua visão do futuro do Império mudou completamente. Apesar de sua afeição por suas filhas, ele não acreditava que a Princesa Isabel, apesar de sua herdeira, teria qualquer chance real de prosperar no trono. Ele acreditava que o seu sucessor precisava ser um homem para que a monarquia fosse viável.127 Ele passou cada vez mais a enxergar o sistema imperial como inexorávelmente preso a si, que não sobreviveria a sua morte.128 Isabel e sua irmã receberam uma educação excepcional,129apesar de não terem sido preparadas para governar sobre a nação. Pedro II excluía deliberadamente Isabel da participação nos negócios e decisões de governo.130
Por volta de 1850, Pedro II começou a ter casos discretos com outras mulheres.131 A mais famosa e duradoura dessas relações envolveu Luísa Margarida de Barros Portugal, Condessa de Barral, com quem ele formou uma relação de amizade romântica e íntima, mas não adúltera, depois que a nomenou aia de suas filhas em novembro de 1856.125 132 133 Por toda a sua vida, o Imperador manteve a esperança de encontrar a sua alma gêmea, algo que ele sentia ter sido roubado de si134 ao ser obrigado a casar por razões de Estado com uma mulher pelo qual ele nunca teve paixão.135 Isto é apenas um dos exemplos que ilustram a dupla personalidade do Imperador: uma que era "Dom Pedro II", que levava com afinco o seu dever no papel de Imperador que o destino havia lhe imposto, e outra que era "Pedro de Alcântara", que considerava o cargo imperial um fardo ingrato e que estava mais feliz nos mundos da literatura e da ciência.136
Pedro II era o que atualmente se considera um trabalhador compulsivo, e sua rotina era exigente. Ele normalmente acordava as sete da manhã e não dormia antes das duas da madrugada do dia seguinte. Seu dia inteiro era reservado aos negócios de Estado e o pouco tempo livre disponível era gasto lendo e estudando.137 O Imperador vestia diariamente uma simples casaca, calça e gravata pretas. Para ocasiões especiais ele usava o uniforme de gala e só aparecia vestido com o manto imperial e portando a coroa e cetroduas vezes ao ano na abertura e encerramento da Assembléia Geral.138 139
Pedro II obrigava políticos e funcionários públicos a seguirem seus exemplos de padrões exigentes.107 O Imperador exigia que os políticos trabalhassem oito horas por dia e adotou uma política exigente de seleção de funcionários públicos baseada na moralidade e mérito.140 Para estabelecer o padrão, ele vivia de forma simples. Bailes e eventos de corte cessaram após 1852.136 141 Ele também recusou as reiteradas propostas para aumentarem o valor de sua lista civil (Rs 800:000$000 por ano, ou cerca de $405,000 ou £90,000 em 1840142 ) desde 1840, quando representava 3% dos gastos públicos, até 1889, quando havia caído para 0,5%.143 144 Ele recusava luxo,145 146 147 uma vez explicando: "Também entendo que despesa inútil é furto a Nação".148

Patrono das artes e das ciências


Pedro II por volta dos 32 anos de idade, c. 1858. Na década de 1850, livros começaram a ser representados de maneira prominente em seus retratos, uma referência a seu papel como defensor da educação149
"Nasci para consagrar-me às letras e às ciências ", o Imperador comentou em seu diário pessoal em 1862.150 151 Ele sempre teve prazer em ler e encontrou nos livros um refúgio para a sua posição.152 153 Sua habilidade para relembrar trechos que havia lido no passado era notável.154 155 Os interesses de Pedro II eram diversos, e incluíam antropologiageografia,geologiamedicinaDireitoestudos religiososfilosofiapinturaesculturateatromúsica,químicapoesia e tecnologia.156 157 No final de seu reinado, havia três livrarias em São Cristóvão contendo mais de 60.000 livros.158 Sua paixão por linguística o levou por toda a vida a estudar novas línguas, e ele era capaz de falar e escrever não somente em português, mas também em latimfrancêsalemãoinglêsitalianoespanholgregoárabehebraicosânscrito,chinêsprovençal e tupi.159 160 161 162 163 Tornou-se o primeiro brasileiro fotógrafo quando adquiriu uma câmera de daguerreótipo em março de 1840.164 165 Criou um laboratório fotográfico em São Cristóvão e outro de química e física. Ele também construiu um observatório astronômico no paço.154
A erudição do Imperador surpreendeu Friedrich Nietzsche quando ambos se conheceram.125166 167 Victor Hugo falou dele: "Senhor, és um grande cidadão, és o neto de Marco Aurélio",168169 e Alexandre Herculano o chamou de um "príncipe cuja opinião geral o considera como o primeiro de sua era graças à sua mente dotada, e devido à sua constante aplicação desse dom para as ciências e cultura."150 Tornou-se membro da Royal Society,170 da Academia de Ciências da Rússia,171 das Reais Academias de Ciências e Artes da Bélgica172 e da Sociedade Geográfica Americana.173 Em 1875 foi eleito membro da Académie des Sciencesfrancesa, uma honra dada anteriormente a somente dois outros chefes de estado: Pedro, o Grande e Napoleão Bonaparte.169 174Pedro II trocou cartas com cientistas, filósofos, músicos e outros intelectuais. Muitos de seus correspondentes se tornaram seus amigos, incluindo Richard Wagner,175 Louis Pasteur,176 Louis AgassizJohn Greenleaf WhittierMichel Eugène ChevreulAlexander Graham Bell,177 Henry Wadsworth Longfellow,178 Arthur de Gobineau,179 Frédéric Mistral,180 Alessandro Manzoni,181 Alexandre Herculano,182 Camilo Castelo Branco183 e James Cooley Fletcher.184
Pedro II cedo percebeu que tinha a oportunidade para utilizar seu conhecimento que havia acumulado em uso prático para o benefício do Brasil.185 O Imperador considerava a educação como de importância nacional e era ele mesmo um exemplo do valor do aprendizado.186 Ele comentou: "Se eu não fosse Imperador, eu gostaria de ser um professor. Eu não conheço tarefa mais nobre do que direcionar as jovens mentes e preparar os homens de amanhã."187 A educação também colaborou no seu objetivo de criar um sentimento de identidade nacional brasileira.188 Seu reino viu a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro para promover pesquisa e preservação nas ciências históricas, geográficas, culturais e sociais.188 A Imperial Academia de Música e Ópera Nacional189 e o Colégio Pedro II também foram fundados, o último servindo como modelo para escolas por todo o Brasil.190 A Imperial Escola de Belas Artes, estabelecida por seu pai, recebeu maior apoio e fortalecimento.191 Utilizando sua lista civil, Pedro II providenciou bolsas de estudo para brasileiros frequentarem universidades, escolas de arte e consevatórios musicais na Europa.192 193Ele também financiou a criação do Instituto Pasteur, assim como a casa de ópera Bayreuth Festspielhaus de Wagner, além de outros projetos semelhantes.194 Seus esforços foram reconhecidos tanto em casa quanto no exterior. Charles Darwin falou dele: "O Imperador faz tanto pela ciência, que todo sábio é obrigado a demonstrar a ele o mais completo respeito."125 195

Popularidade e conflito com a Grã-Bretanha


Pedro II aos 35 anos de idade juntamente com sua esposa e filhas ao visitarem uma fazenda no sul da província de Minas Gerais, 1861
No fim de 1859, Pedro II partiu em viagem as províncias ao norte da capital, visitandoEspírito SantoBahiaSergipeAlagoasPernambuco e Paraíba. Após quatro meses, ele retornou em fevereiro de 1860. A viagem foi um grande sucesso, com o Imperador sendo alegre e calorosamente recepcionado em todos os lugares.196 197 198
A primeira metade dos anos 1860s viu paz e prosperidade no Brasil. Liberdades civisforam mantidas.199 200 Liberdade de expressão existia desde a independência do Brasil201 e continuou a ser defendida com veemência por Pedro II.202 203 O Imperador encontrou em jornais da capital e das províncias uma forma ideal de manter conhecimento da opinião pública e da situação em geral da nação.148 Outra maneira de monitorar o Império foi através de contato direto com seus súditos. Uma oportunidade para isto era durante as audiências públicas regulares nas terças e sábados, onde qualquer pessoa de qualquer classe social (inclusive escravos204 ) poderiam ser admitidos e apresentar suas petições e estórias.205 206 Visitas a escolas, colégios, prisões, exibições, fábricas, quartéis, e outras aparições públicas apresentavam mais oportunidades a ele de reunir informação em primeira mão.207
A tranquilidade desapareceu quando o cônsul britânico no Rio de Janeiro, William Dougal Christie, quase iniciou uma guerra entre sua nação e o Brasil. Christie, que acreditava na diplomacia das canhoneiras,208 enviou um ultimato contendo exigências abusivas provenientes de dois incidentes menores ocorridos no fim de 1861 e começo de 1862. O primeiro foi o naufrágio de uma barca comercial na costa do Rio Grande do Sul que resultou no saque de sua carga pela população local. O segundo foi a prisão de dois oficiais britânicos embriagados que causavam distúrbios nas ruas do Rio.208 209 210
O governo brasileiro se recusou a ceder, e Christie enviou ordens para que navios de guerra britânicos capturassem embarcações mercantes brasileiras como indenização.211 212 213 A Marinha do Brasil foi preparada para o conflito iminente,214 foi ordenada a compra de artilharia costeira,215 assim como de encouraçados216 e as defesas nas costas tiveram permissão para atirar contra qualquer navio de guerra britânico que tentasse capturar embarcações mercantes brasileiras.217 Pedro II foi a maior razão da resistência do Brasil, ele rejeitou qualquer sugestão para que o país cedesse.218 219 A resposta veio como surpresa para Christie, que mudou seu tom e propôs um acordo pacífico através de arbitragem internacional.220 221 222 O governo brasileiro apresentou suas demandas e, ao ver a recusa do governo britânico, cortou relações diplomáticas com a Grã-Bretanha em junho de 1863.222 223

Guerra do Paraguai

Primeiro Voluntário da Pátria


Pedro II aos 39 anos de idade, 1865
Com a ameaça de guerra com a Grã-Bretanha, o Brasil teve que dirigir suas atenções para suas fronteiras ao sul. Outra guerra civil havia começado no Uruguai jogando seus dois partidos políticos um contra o outro.224 225 226 O conflito interno levou ao assassinato de brasileiros e ao saque de suas propriedades no Uruguai.227 O governo brasileiro decidiu intervir, temeroso de aparentar fraqueza frente a possibilidade de conflito com os britânicos.228 Um exército brasileiro invadiu o Uruguai em Dezembro de 1864, iniciando a breve Guerra do Uruguai, que terminou em 20 de fevereiro de 1865.229 230 231
Enquanto isso, em dezembro de 1864 o ditador do Paraguai, Francisco Solano López se aproveitou da situação para estabelecer seu país como poder regional. O exército paraguaio invadiu a província brasileira do Mato Grosso (atual estado do Mato Grosso do Sul), resultando na Guerra do Paraguai. Quatro meses depois, tropas paraguaias invadiram território argentino como um prelúdio de uma invasão à província brasileira do Rio Grande do Sul.229 232 233
A par da anarquia reinante no Rio Grande do Sul e da incapacidade e incompetência de seus chefes militares em resistirem ao exército paraguaio, Pedro II decidiu ir à frente de batalha pessoalmente.234 Tanto o gabinete quanto a Assembleia Geral se recusaram a aquiescer ao desejo do Imperador.234 Após receber também a recusa do Conselho de Estado, Pedro II fez o seu memorável pronunciamento: "Se os políticos podem me impedir que siga como imperador, vou abdicar e seguir como voluntário da Pátria"—uma alusão aos brasileiros que se voluntariaram para ir a guerra e que ficaram conhecidos por toda a nação como "Voluntários da Pátria".234 235 236 237 O próprio monarca foi chamado popularmente de "Voluntário número um".125 238
Pedro II partiu para o sul em Julho de 1865.239 240 241 Ele desembarcou no Rio Grande do Sul poucos dias depois e seguiu de lá por terra.242 A jornada foi realizada montada a cavalo e por carretas, e à noite o imperador dormia em tenda de campanha.243 Pedro II alcançou Uruguaiana, uma cidade brasileira ocupada pelo exército paraguaio, em 11 de setembro. Quando de sua chegada, a força paraguaia já se encontrava cercada.244 245

Vestido com o uniforme de almirante aos 44 anos de idade—os anos de guerra envelheceram prematuramente o Imperador246
O Imperador cavalgou a uma distância de um tiro de rifle de Uruguaiana para demonstrar sua coragem, mas os paraguaios não o atacaram.247 Para evitar mais derramamento de sangue, ele ofereceu os termos de rendição ao comandante paraguaio, que os aceitou.244 248 249 A coordenação das operações militares por Pedro II' e seu exemplo pessoal teve um papel decisivo na repulsa à invasão paraguaia do território brasileiro.250 Havia uma crença generalizada de que a guerra estava próxima de seu fim e que a rendição de López era iminente.244 251 252 Antes de partir de Uruguaiana, ele recebeu o embaixador britânico Edward Thornton, que se desculpou publicamente em nome da Rainha Vitória e do governo britânico pela crise entre os dois Impérios.248 249 O Imperador considerou suficiente esta vitória diplomática sobre a mais poderosa nação do mundo e reatou relações amistosas entre as duas nações.249 Ele retornou ao Rio de Janeiro e foi recebido com enormes celebrações.253

Conclusão da guerra

Contra todas as expectativas, a guerra prosseguiu por cinco anos. Durante este período, o tempo e a energia de Pedro II foram dedicados ao conflito.254 255 Ele se ocupou no recrutamento e equipamento de tropas para reforçar as linhas de frente de batalha, e na construção de novos navios de guerra.237 Ao mesmo tempo procurou impedir que querelas entre os partidos políticos prejudicassem o esforço de guerra.256 257 Sua recusa em aceitar qualquer resultado que não a total vitória sobre o inimigo foi essencial para o resultado final da guerra.258 259 Sua tenacidade foi recompensada com a notícia de que López morrera em batalha em 1 de março de 1870, levando ao fim do conflito bélico.260 261
Mais de 50 mil soldados brasileiros morreram262 e os custos da guerra foram equivalentes a onze vezes a receita anual do governo.263No entanto, o país se encontrava tão próspero que o governo pôde quitar o débito em apenas dez anos.264 265 O conflito foi um estímulo para a produção e para o crescimento econômico nacional. 266 Pedro II recusou a proposta da Assembléia Geral de erguer uma estátua equestre sua para comemorar a vitória e ao invés preferiu utilizar o dinheiro necessário para construir escolas de ensino primário. 267 268 269 270

Apogeu

Um abolicionista no trono


Pedro II aos 46 anos de idade e vestido com a Regalia Imperial do Brasil durante a Fala do trono, em 1872
A vitória diplomática sobre o Império Britânico e a vitória militar sobre o Uruguai em 1865, seguida da bem-sucedida conclusão da guerra com o Paraguai em 1870, resultou no que foi chamado de "era dourada" e apogeu do Império brasileiro.271 A década de 1870 foram bons anos para o Brasil e a popularidade do imperador era maior do que nunca. Progressos foram feitos tanto na esfera política quanto na social e todos os segmentos da sociedade foram beneficiados com as reformas e pela prosperidade nacional crescente.272 A reputação internacional do Brasil melhorou consideravelmente graças a sua estabilidade política e potencial de investimento. O império era visto como uma nação moderna e progressiva sem equivalente nas Américas, com a única exceção dos Estados Unidos.271 A economia começou rapidamente a crescer e a imigração floreceu. Estradas de ferro, navegação e outros projetos de modernização foram adotados. Com "a escravidão fadada à extinção e outras reformas projetadas, as perspectivas de 'avanços morais e materiais' pareciam vastas".273
Em 1870, poucos brasileiros eram contrários à escravidão, e ainda menos brasileiros opunham-se publicamente à ela. Pedro II era um dos poucos que o faziam,274 275 considerando a escravidão "uma vergonha nacional".276 O imperador nunca possuiu escravos.275 Em 1823, escravos formavam 29% da população brasileira, mas essa porcentagem caiu para 15,2% em 1872.277 A abolição da escravatura era um assunto delicado no Brasil. Escravos eram usados por todos, do mais rico ao mais pobre.278 279 Pedro II desejava por fim à escravidão gradualmente280 281 para pouco impactar a economia nacional.282 Ele conscientemente ignorava o crescente prejuízo político à sua imagem e à monarquia em consequência de seu suporte à escravidão.283
O imperador não tinha autoridade constitucional para diretamente intervir e por um fim na escravidão.284 Ele precisaria usar todas seus esforços para convencer, influenciar e ganhar suporte entre os políticos para atingir sua meta.285 Seu primento movimento público contra a escravidão276 ocorreu em 1850, quando ele ameaçou abdicar a menos que a Assembléia Geral declarasse o tráfico negreirono Atlântico ilegal.286
Após a fonte estrangeira do fornecimento de novos escravos ter sido eliminada, Pedro II dedicou sua atenção no começo dos anos 1860s em remover a fonte restante: a escravidão de crianças nascidas como escravos.287 288 Legislação foi feita através de sua iniciativa,287 mas o conflito com o Paraguai atrasou a discussão da proposta na Assembléia Geral.288 289 Pedro II abertamente pediu a gradual erradicação da escravidão na Fala do trono em 1867.290 Ele foi pesadamente criticado, e seu movimento foi condenado como "suicídio nacional".289 291 292 Opositores frequentemente diziam que "a abolição era seu desejo pessoal e não o desejo da nação"293Por fim, foi decretada a lei "Lei do Ventre Livre" em 28 de setembro de 1871, sob a qual todas crianças nascidas de mulheres escravas após aquela data eram consideradas livres.293 294 295

Viagem a Europa e norte da África


Um grande grupo rodeia o Imperador (sentado, à direita) e Auguste Mariette (sentado, à esquerda), durante a visita à Necrópole de Gizé e à Esfinge de Guizé, no fim de 1871
Em 25 de maio de 1871 o imperador e sua esposa viajaram à Europa.296 297 Ele há tempo ansiava por férias no exterior. Quando chegou a notícia de que sua filha mais nova, a princesa Leopoldina, então com 23 anos, havia morrido de tifo em Viena, ele finalmente encontrou um motivo forte para partir.296 298 299 Ao chegar em Lisboa, imediatamente dirigiu-se ao Palácio das Janelas Verdes, onde encontrou-se com sua madrasta, Amélia de Leuchtenberg, que não via há quarenta anos. O encontro foi emocionante e Dom Pedro escreveu no seu diário: "Eu chorei de felicidade e também de dor por ver minha mãe tão afetuosa para comigo, mas também por vê-la tão idosa e doente".296 300 301
Em seguida ele visitou a Espanha, a Grã-Bretanha, a Bélgica, a AlemanhaÁustria,ItáliaEgitoGréciaSuíça e França. Em Coburgo visitou a tumba de sua filha.301 302Sua impressão sobre a viagem foi de um tempo de "alívio e liberdade". Viajando com o nome de "Dom Pedro de Alcântara", insistia em ser tratado informalmente e em parar apenas em hotéis.296 303 Passava seus dias em passeios e encontrando com cientistas e outros intelectuais com quem partilhava interesses.296 301 A viagem foi um sucesso, e suas maneiras nobres e curiosidade valeram-lhe notícias respeitosas nas nações que visitou. Este prestígio aumentou quando chegaram à Europa as notícias sobre a aprovação da Lei do Ventre Livre. Ele e sua comitiva voltaram em triunfo ao Brasil em 31 de março de 1872.273

A questão religiosa


Pedro II aos 49 anos de idade, 1875
Logo após retornar ao Brasil Pedro II enfrentou uma crise inesperada. Por muito tempo o clero brasileiro fora mal preparado e indisciplinado, além de sofrer com a falta de membros suficientes, levando a uma grande perda de prestígio à Igreja Católica.304 305 O governo imperial realizou um programa de reformas com o intuito de corrigir essas deficiências.304Como o catolicismo era a religião do Estado, o governo exercia um grande controle sobre os assuntos da Igreja, pois pagava os salários dos clérigos, nomeava párocos e bispos, ratificavabulas papais e supervisionava seminários.304 306 O governo selecionava bispos que satisfizessem seus critérios quanto ao preparo intelectual, o apoio às reformas e à adequação moral.304 305 No entanto, à medida que mais homens capazes vieram a preencher as fileiras clericais, maior se tornou o ressentimento quanto ao controle do governo sobre a Igreja.304 305
Os bispos de Olinda e Belém (nas províncias de Pernambuco e Pará, respectivamente) eram dois membros da nova geração clérigos zelosos e bem preparados. Eles haviam sido influenciados pelo ultramontanismo em voga entre os católicos. Em 1872, eles ordenaram a expulsão dos maçons das irmandades leigas.307 Embora a Maçonaria Europeia tenha frequentemente tendido para o ateísmo e anticlericalismo, as coisas eram muito diferentes no Brasil. A adesão à ordens maçônicas era comum, embora Pedro II não tenha sido maçom.308O ministério chefiado pelo Visconde do Rio Branco tentou em duas ocasiões distintas convencer os bispos a revogar suas ordens, mas eles se recusaram. Isto levou a seu julgamento pelo Superior Tribunal de Justiça. Em 1874, eles foram condenados a quatro anos de prisão com trabalho forçado, embora o Imperador tenha imediatamente comutado para prisão simples.309
Pedro II teve uma participação decisiva na crise ao apoiar inequivocamente o governo.310 Ele era um adepto consciente do catolicismo, o qual enxergava como um importante difusor de valores civilizatórios e cívicos. Conquanto ele evitasse qualquer coisa que pudesse vir a ser considerado pouco ortodoxo, ele nunca se sentiu restringido em pensar e agir livremente.311 O Imperador aceitou ideias novas, tais como a teoria da evolução de Charles Darwin, sobre a qual ele afirmara que "as leis que ele [Darwin] descobrira engrandecem o Criador".312 Ele era moderado em suas crenças religiosas, mas não tolerava o desrespeito às leis e à autoridade do governo. Como ele afirmou a seu genro: "[O governo] tem que garantir que a Constituição seja obedecida. Nesses procedimentos não há desejo de proteger a maçonaria; mas sim defender os direitos do poder civil."313 A crise foi resolvida em setembro de 1875, após o Imperador, a contragosto, ter concordado com a anistia completa aos bispos e após a Santa Sé ter anulado as interdições.314

Viagem aos EUA, Europa e Oriente Médio


Pedro II (sentado, à direita) nas cataratas do Niágara, 1876
Mais uma vez o Imperador viajou para o exterior, desta vez indo aos Estados Unidos. Ele foi acompanhado por seu leal criado Rafael, que o criou na infância.315 Pedro II chegou à Nova Iorque em 15 de abril de 1876, e de lá viajou pelo interior do país; indo até São Francisco no oeste, Nova Orleães no sul, Washington, D.C., no noroeste, eTorontoCanadá.316 317 318 Sua viagem foi um "triunfo completo", tendo Pedro II causado uma profunda impressão no povo americano por sua simplicidade e gentileza.173 319 320 Depois atravessou o Atlântico, onde visitou a DinamarcaSuécia,FinlândiaRússia, o Império Otomano e a Grécia. Em sequência foi para a Terra Santa, Egito, Itália, Áustria, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Países Baixos, Suíça e Portugal.321 322 Ele voltou ao Brasil em 22 de setembro de 1877.323
As viagens de Pedro II ao exterior causaram um profundo impacto psicológico. Enquanto viajava, ele estava praticamente livre das restrições impostas pelo seu cargo.324 Sob o pseudônimo "Pedro de Alcântara", ele aproveitava a satisfação de se mover como uma pessoa comum, até mesmo viajando por trem apenas com sua esposa.324 Apenas quando viajava para fora era que o Imperador podia se desvincilhar das formalidades e exigências da vida que conhecia no Brasil. Se tornou mais difícil se readaptar às suas rotinas como Chefe de Estado ao retornar.325 Com a morte prematura de seus filhos do sexo masculino, a fé do Imperador no futuro da monarquia se evaporara. Suas viagens para o exterior agora o tornaram ressentido do peso que o destino colocara em seus ombros quando era apenas uma criança de cinco anos de idade. Se antes ele não tinha interesse em assegurar o trono para a próxima geração, agora ele não tinha interesse sequer em mantê-lo em seu tempo de vida.326

Declínio e queda

Decadência


Pedro II em 1887, com 61 anos: um imperador cansado de sua coroa e resignado quanto ao fim da monarquia
Na década de 1880 o Brasil continuou a prosperar e a diversidade social aumentou notavelmente, testemunhando inclusive o primeiro movimento pelos direitos da mulher.327 Por outro lado, as cartas que Pedro II escreveu neste período revelam um homem cansado do mundo, cada vez mais alienado e pessimista. Ele permanecia fiel às suas obrigações como Chefe de Estado e era meticuloso em seu cumprimento, apesar de frequentemente sem entusiasmo.328 Por causa do crescente "indiferentismo do Imperador pela sorte do destino do regime"329 e por sua falta de atitude em defesa do sistema imperial quando ele começou a ser questionado, historiadores têm atribuído a "principal, talvez única, responsabilidade" pela queda da monarquia à Pedro II.330
Após a sua experiência com os perigos e obstáculos de governo, as figuras políticas que surgiram na década de 1830 olharam para o Imperador como provedor de uma fonte fundamental de autoridade essencial tanto para governar quanto para a sobrevivência nacional.56 Estes velhos estadistas morreram ou se retiraram da vida pública até que, nos anos 1880, eles haviam sido quase todos substituídos por uma geração mais nova de políticos que não haviam experienciado os primeiros anos do reinado de Pedro II, quando perigos internos e externos ameaçaram a existência da nação. Eles haviam apenas conhecido uma administração estável e prosperidade.56 Em grande contraste com aqueles da era anterior, a nova geração não via razão para manter e defender a instituição imperial como força benéfica unificadora para a nação.331 O papel de Pedro II em atingir uma era de unidade nacional, estabilidade e bom governo eram agora ignorados e desconsiderados pelas elites dirigentes. Por seu sucesso, o Imperador havia tornado sua posição desnecessária.332
A falta de um herdeiro que pudesse prover de forma possível uma nova direção para a nação também diminuiu as perspectivas a longo termo para a continuação da monarquia brasileira. O Imperador amava sua filha Isabel, mas ele considerava a ideia de uma sucessora feminina como contrária ao papel requerido de um governante do brasil. Ele enxergava a morte de seus dois filhos homens como um sinal de que o Império estava destinado a ser suplantado.333 A resistência a aceitar uma mulher governante também era compartilhada pela classe política.334 Apesar da Constituição permitir a sucessão feminina ao trono, o Brasil ainda era um país bastante tradicional, e apenas um sucessor masculino era percebido como capaz de ser um Chefe de Estado.128
O republicanismo era um credo elitista que nunca floresceu no Brasil,335 336 e que tinha pouco apoio nas províncias.337 338 339 Mas uma ameaça séria à Monarquia foi a combinação de ideias republicanas e a disseminação do Positivismo entre os oficiais de baixa e média patente no exército, o que levou a indisciplina nas tropas. Eles sonhavam com uma república ditatorial que acreditavam ser superior a monarquia democrática liberal.340 341

A abolição da escravatura e o golpe de Estado republicano


A última fotografia da família imperial no Brasil, 1889
A saúde do Imperador declinava consideravelmente,342 e seus médicos sugeriram que ele buscasse tratamento na Europa.343 Ele partiu em 30 de junho de 1887.343Enquanto em Milão ele passou duas semanas entre a vida e a morte, recebendo até mesmo a extrema unção.344 345 346 Em 22 de maio de 1888, ainda na cama se recuperando, recebeu a notícia de que a escravidão havia sido abolida no Brasil.347Deitado na cama, com uma voz fraca e lágrimas nos olhos, ele disse: "Grande povo! Grande povo!".347 348 349 Pedro II retornou ao Brasil e desembarcou no Rio de Janeiro em 22 de agosto de 1888.350 351 O "país inteiro o recebeu com um entusiasmo jamais visto. Da capital, das províncias, de todos os lugares, chegaram provas de afeição e veneração."352 Com a devoção expressada pelos brasileiros com o retorno do Imperador e da Imperatriz da Europa, a monarquia aparentava gozar de apoio inabalável e parecia estar no ápice de sua popularidade.350 353 354
A nação brasileira desfrutava de grande prestígio no exterior durante os anos finais do Império,355 e havia se tornado um poder emergente no cenário internacional.356Previsões de perturbações na economia e na mão-de-obra causadas pela abolição da escravatura não se realizaram e a colheita de café de 1888 foi bem-sucedida.357Contudo, o fim da escravidão desencadeou em uma transferência explícita do apoio ao republicanismo pelos grandes fazendeiros de café. Detentores de grande poder político, econômico e social no país,358 359 os fazendeiros apreciaram a abolição como confisco de propriedade privada.360 Para evitar uma reação republicana, o governo aproveitou o crédito fácil disponível no Brasil como resultado de sua prosperidade. Ele disponibilizou grandes empréstimos a juros baixos aos cafeicultores e distribuiu fartamente títulos de nobreza e outras honrarias a figuras políticas influentes que haviam se tornado descontentes.361 O governo também tomou medidas indiretas para administrar a crise com os militares revivendo a moribunda Guarda Nacional, que então existia praticamente apenas no papel.362
As medidas tomadas pelo governo alarmaram os republicanos civis e os militares positivistas. Estes entenderam as ações do governo como uma ameaça aos seus propósitos, o que os incitou à reação.341 A reorganização da Guarda Nacional foi iniciada pelo gabinete em agosto de 1889, e a criação de uma força rival levou os dissidentes no corpo de oficiais do exército a cogitarem atos extremos.363Para ambos os grupos, republicanos e militares dissidentes, havia se tornado um caso de "agora ou nunca".364 Apesar de não haver desejo entre a maior parte da população brasileira para uma mudança na forma de governo,339 os republicanos civis passaram a pressionar os oficiais civis a derrubar a monarquia.365
Os positivistas realizaram um golpe de Estado em 15 de novembro de 1889 e instituíram uma república.366 367 368 369 As poucas pessoas que presenciaram o acontecimento não perceberam que se tratava de uma rebelião.370 371 A historiadora Lídia Besouchet afirmou que "[r]aramente uma revolução havia sido tão minoritária."372 Durante todo o processo Pedro II não demonstrou qualquer emoção, como se não se importasse com o desenlance.373 Ele rejeitou todas as sugestões para debelar a rebelião feitas por políticos e militares.374 375 376 Quando soube da notícia de sua deposição, simplesmente comentou: "Se assim é, será minha aposentadoria. Trabalhei demais e estou cansado. Agora vou descansar".377 Ele e sua família foram mandados para o exílio na Europa, partindo em 17 de novembro.378

Exílio e legado

Últimos anos


Pedro II em seu leito de morte, 6 de dezembro de 1891: o livro embaixo do travesseiro sob sua cabeça simboliza que, mesmo após a morte, sua mente descansa sobre o conhecimento
Houve resistência monarquista significante após a queda do Império, o qual foi sempre reprimida.379 Distúrbios contra o golpe ocorreram, assim como batalhas renhidas entre tropas monarquistas do Exército contra milícias republicanas.380 O "novo regime suprimiu com rápida brutalidade e total desdenho por todas as liberdades civis quaisquer tentativas de criar um partido monarquista ou de publicar jornais monarquistas.381 A Imperatriz Teresa Cristina faleceu poucos dias após a sua chegada à Europa382 383 e Isabel e sua família se mudaram para outro lugar enquanto seu pai se estabeleceu em Paris.384 385 Seus últimos dois anos de vida foram solitários e melancólicos, vivendo em hotéis modestos com quase nenhum recurso e escrevendo em seu diário sobre sonhos em que lhe era permitido retornar ao Brasil.386387 388
Certo dia realizou um longo passeio pelo rio Sena em carruagem aberta, apesar da temperatura extremamente baixa. Ao retornar para o hotel Bedford à noite, sentiu-se resfriado.389 390 A doença evoluiu nos dias seguintes até tornar-se uma pneumonia.389391 O estado de saúde de Pedro II rapidamente piorou até a sua morte às 00:35 da manhã do dia 5 de dezembro de 1891.392 393 Suas últimas palavras foram: "Deus que me conceda esses últimos desejos—paz e prosperidade para o Brasil."394 Enquanto preparavam seu corpo, um pacote lacrado foi encontrado no quarto com uma mensagem escrita pelo próprio Imperador: "É terra de meu país, desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria".393 395396 O pacote que continha terra de todas as províncias brasileiras foi colocada dentro do caixão.395 397
A Princesa Isabel desejava realizar uma cerimônia discreta e íntima,398 mas acabou por aceitar o pedido do governo francês de realizar um funeral de Chefe de Estado.393 399 400 No dia seguinte, milhares de personalidades compareceram a cerimônia realizada em Madeleine. Além da família de Pedro II, estavam: Francisco II, ex-rei das Duas Sicílias, Isabel II, ex-rainha da Espanha, Luís Filipe, Conde de Paris, e diversos outros membros da realeza européia.401 402 Também estavam presentes o General Joseph Brugère, representando o Presidente Sadi Carnot, os presidentes do Senado e da Câmara, assim como senadores, deputados, diplomatas e outros representantes do governo francês.403 Quase todos os membros da Academia Francesa, do Instituto de França, da Academia de Ciências Morais e da Academia de Inscrições e Belas-Artes também participaram.399 404 Representantes de outros governos, tanto do continente americano, quanto europeu se fizeram presentes, além de países longínquos como TurquiaChinaJapão e Pérsia.403Em seguida o caixão foi levado em cortejo até a estação de trem, de onde partiria para Portugal. Apesar da chuva incessante e da temperatura extremamente baixa,405 cerca de 300.000 pessoas assistiram ao evento.406 A viagem prosseguiu até a Igreja de São Vicente de Fora, próximo a Lisboa, onde o corpo de Pedro II foi depositado no Panteão dos Braganças em 12 de dezembro.407 408
Os membros do governo republicano brasileiro, "temerosos da grande repercussão que tivera a morte do Imperador", negaram qualquer manifestação oficial.409 Contudo, o povo brasileiro não ficou indiferente ao falecimento de Pedro II, pois a "repercussão no Brasil foi também imensa, apesar dos esforços do governo para a abafar. Houve manifestações de pesar em todo o país: comércio fechado, bandeiras a meio pau, toques de finados, tarjas pretas nas roupas, ofícios religiosos".407 410 Foram realizadas "missas solenes por todo o país, seguidas de pronunciamentos fúnebres em que se enalteciam D. Pedro II e o regime monárquico".410

Legado


Tumba de Pedro II e de Teresa Cristina noMausoléu Imperial, dentro da Catedral de Petrópolis
Os brasileiros se mantiveram apegados a figura do imperador popular a quem consideravam um herói411 e continuaram a vê-lo como o Pai do Povo personificado.412Esta visão era ainda mais forte entre os brasileiros negros ou de ascendência negra, que acreditavam que a monarquia representava a libertação. O fenômeno de apoio contínuo ao monarca deposto é largamente devido a uma noção generalizada de que ele foi "um governante sábio, benevolente, austero e honesto"413 Esta visão positiva de Pedro II, e nostalgia por seu reinado, apenas cresceu a medida que a nação rapidamente caiu sob o efeito de uma série de crises políticas e econômicas que os brasileiros acreditavam terem ocorridas devido a deposição do Imperador.414 Ele nunca cessou de ser considerado um herói popular, mas gradualmente voltaria a ser um herói oficial.415
Surpreendentemente fortes sentimentos de culpa se manifestaram dentre os republicanos, que se tornaram cada vez mais evidentes com a morte do Imperador no exílio.416 Eles elogiavam Pedro II, que era visto como um modelo de ideais republicanos,417 e a era imperial, que acreditavam que deveria servir de exemplo a ser seguido pela jovem república.418 No Brasil, as notícias da morte do Imperador "causaram um sentimento genuíno de remorso entre aqueles que, apesar de não possuirem simpatia pela restauração, reconheciam tanto os méritos quanto as realizações de seu falecido governante."411 413 419 420
Seus restos mortais, assim como os de sua esposa, foram finalmente trazidos ao Brasil em 1921 a tempo do centenário da independência brasileira em 1922 e o governo desejava dar a Pedro II condizentes aos de Chefe de Estado.421 422 Um feriado nacional foi decretado e o retorno do Imperador como herói nacional foi celebrado por todo o país.417 Milhares participaram da cerimônia principal no Rio de Janeiro. O historiador Pedro Calmon descreveu a cena: "Os velhos choravam. Muitos ajoelhavam-se. Todos batiam palmas. Não se distinguiam mais republicanos e monárquicos. Eram brasileiros"423 Esta homenagem marcou a reconciliação do Brasil republicano com o seu passado monárquico.422
Os historiadores possuem uma grande estima por Pedro II e seu reinado. A literatura historiográfica que trata dele é vasta e, com a exceção do período imediatamente posterior a sua queda, enormemente positiva, e até mesmo laudatória.424 O Imperador Pedro II é considerado por vários historiadores o maior de todos os brasileiros.425 426 1 De uma maneira bem similar aos métodos que foram usados pelos republicanos do começo do século XX, os historiadores apontam as virtudes do Imperador como exemplos a serem seguidos, apesar de que nenhum foi longe o bastante para propôr a restauração da monarquia. O historiador Richard Graham comentou: "A maior parte dos historiadores do século XX, além disso, têm olhado nostalgicamente para o período [do reinado de Pedro II], usando suas descrições do Império para criticar – às vezes sutilmente, outras vezes nem tanto – os regimes republicanos e ditatoriais subsequentes do Brasil."427

Títulos e honrarias

Formas de tratamento e títulos

  • 2 de dezembro 1825 – 7 de abril de 1831: Sua Alteza Imperial O Príncipe Imperial
  • 7 de abril de 1831 – 15 de novembro de 1889: Sua Majestade Imperial O Imperador
A forma de tratamento e o título completo do monarca foram "Sua Majestade Imperial Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil".428

Honrarias

O Imperador Pedro II foi Grão-mestre das seguintes ordens brasileiras:429
Ele foi membro das seguintes ordens estrangeiras:430

Genealogia

Ascendência

A ascendência do Imperador Pedro II:431

Posteridade


Nome Retrato Nascimento e morte

Com Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias (14 de março de 1822 – 28 de dezembro de 1889; casamento por procuração em 30 de maio de 1843)

Afonso, Príncipe Imperial do Brasil



23 de fevereiro de 1845 –

11 de junho de 1847

Príncipe Imperial do Brasil de seu nascimento até sua morte.

Isabel, Princesa Imperial do Brasil



29 de julho de 1846 –

14 de novembro de 1921

Princesa Imperial do Brasil e Condessa de Eu através do casamento com Gastão de Orleães, Conde de Eu.


Princesa Leopoldina do Brasil



13 de julho de 1847 –

7 de fevereiro 1871

Casou com o Príncipe Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota.


Pedro, Príncipe Imperial do Brasil



19 de julho de 1848 –

9 de janeiro de 1850

Príncipe Imperial do Brasil de seu nascimento até sua morte.

Notas de rodapé
  1. ^ "O Segundo Reinado, isto é, o período em que foi nosso Imperador D. Pedro II, durou cinquenta e oito anos, da abdicação de seu pai, D. Pedro I, em 1831, até a proclamação da república em 1889." —Hélio Viana425

Referências

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Casa de Bragança 
Nascimento: 2 de dezembro de 1825; Morte: 5 de dezembro de 1891
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