Nascida em 1792 na Comarca de Nossa Senhora do Rosário do Poero de Cachoeira, atual Feira de Santana, no sertão da Bahia, Maria Quitéria de Jesus Medeiros (1792-1853) teve uma infância livre e feliz até a morte da mãe, Quitéria Maria, em 1803, quando passou a cuidar dos dois irmãos mais novos. Em 1822, partidários da independência do Brasil percorriam o sertão da Bahia procurando voluntários e angariando fundos para lutar contra os portugueses. Ao saber da convocação, Maria Quitéria disfarçou-se de homem com roupas emprestadas pelo cunhado e, contra a vontade do pai, alistou-se no regimento de artilharia, sendo depois transferida para a infantaria, integrando o Batalhão dos Voluntários do Imperador e tornando-se a primeira mulher a pertencer a um unidade militar no Brasil.
Depois de conquistar o respeito dos companheiros, Quitéria assumiu sua condição feminina, e livrando-se das roupas de homem, passou a ser conhecida como soldado Medeiros. Ela se destacou pelo entusiasmo e bravura, lutando tão decididamente, que influenciou outras mulheres, formando um destacamento feminino sob seu comando. Depois que D. Pedro I declarou a independência em 7 de setembro, tropas portuguesas espalhadas pelo país continuaram lutando. Na batalha que aconteceu na foz do rio Paraguaçu, o grupo de mulheres liderado por Quitéria se destacou pela coragem. Quando os portugueses foram finalmente derrotados, em julho de 1823, Maria Quitéria foi reconhecida como heroína das guerras pela independência. Seguiu para o Rio de Janeiro, onde foi homenageada pessoalmente pelo imperador, que concedeu a ela a insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro e o soldo de alferes.
Apesar dos trajes de soldado, os cronistas da época afirmam que Maria Quitéria soube manter a feminilidade, ostentando uma beleza marcante e altiva. Além disso, sua independência pessoal foi precursora dos movimentos pelos direitos da mulher, que só viriam a tomar forma muitos anos depois. Depois das homenagens, Maria Quitéria voltou à Bahia. Casou-se com o antigo namorado, Gabriel Pereira Brito, com quem teve uma filha. Apesar do papel importante na história do país, pouco se sabe de sua vida a partir daí. Depois da morte do marido, ela teria ficado cega progressivamente, morrendo na pobreza em 1853, perto de Salvador. Hoje, Maria Quitéria é patrona do Quadro Complementar de Oficiais do exército brasileiro.
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