Trabalhando

Trabalhando
Sessão da Câmara Municipal

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A Guerra dos Farrapos/ Revolução Farroupilha 1835 a 1845/RS


Data
Local


Durante a regência, a questão da centralização política incitou a organização de diferentes revoltas que constantemente ameaçavam a unidade do território brasileiro.
 Na região sul, as elites pecuaristas se colocaram em um delicado confronto com o governo federal ao se revoltarem com a política fiscal promovida na época. Onerosos tributos eram cobrados sob a produção do charque, do couro e dos muares que representavam os principais gêneros exportados pela elite pecuarista gaúcha.
Na década de 1830, as autoridades do governo resolveram intensificar as cobranças sob tais gêneros com a criação de postos fiscais que garantiriam a cobrança junto aos produtores de charque gaúchos. Essa política adotada acabava beneficiando a entrada do charque uruguaio no mercado brasileiro, que diferentemente dos gaúchos, arcava com uma alíquota alfandegária bem menor. Insatisfeitos com essa situação, um grupo de grandes proprietários organizou um levante que derrubou o governador provincial em 1835.
O sucesso obtido na ação dos revoltosos – liderados por Bento Gonçalves – marcou a deflagração da Revolução Farroupilha, também conhecida como Guerra dos Farrapos. Primeiramente, os farrapos (assim conhecidos pelo lenço vermelho que tinham preso a suas vestes) dominaram a cidade de Porto Alegre e exigiram a nomeação de um novo presidente de província. No ano seguinte, em 1836, com a intransigência do poder central, os primeiros confrontos aconteceram entre os farrapos e as tropas oficiais.
Inicialmente, as forças de repressão conseguiram enfraquecer a ação dos farrapos promovendo a retomada da capital. Após a batalha de Seival, os farrapos demonstraram sua resistência ao proclamarem a criação da República Rio-Grandense, com sede na cidade de Piratini, e dirigida por Bento Gonçalves. Em resposta, os legalistas venceram a batalha de Fanfa, onde aprisionaram vários revoltosos, incluindo o presidente Bento Gonçalves.
Nos dois anos seguintes, os confrontos se alongaram e os farrapos ganharam o apoio de duas novas lideranças revolucionárias: o brasileiro David Canabarro e o italiano Giuseppe Garibaldi. Com o apoio destes exímios combatentes, os revolucionários conseguiram novas vitórias. Em julho de 1839, partiram em direção de Santa Catarina, onde conquistaram a cidade de Laguna e proclamaram o surgimento da chamada República Juliana.

Após conquistar Laguna, as forças farroupilhas continuaram rumo ao norte, perseguindo as tropas imperiais, avançando cerca de 70 km até a planície do rio Maciambu. O avanço foi contido devido a um entrincheiramento das forças imperiais, protegidas pela geografia do Morro dos Cavalos, que dificultava o acesso das tropas farrapas e lhes bloqueava o avanço para o ataque a Desterro, hoje, Florianópolis/SC (Capital).
Com a tomada de Laguna, praticamente metade da província catarinense ficou em mãos republicanas. A incorporação da vila de Lages, também sob controle rebelde, ao novo estado, levou o território da República Juliana a se estender do extremo meridional até o planalto catarinense. Foi então organizada a República Juliana, sendo convocadas eleições para constituição do governo. Canabarro ficou à frente do governo da nova república até 7 de agosto de 1839, quando foi convocado o colégio eleitoral. Foram eleitos para presidente o tenente-coronel Joaquim Xavier Neves e para vice o padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro. Como Xavier Neves estava em São José bloqueado pelas forças imperiais, o padre Vicente Cordeiro assumiu a presidência.
Os farroupilhas ainda fizeram incursões navais mais ao norte, chegando a atacar a barra de Paranaguá em 31 de outubro de 1839. Uma escuna e um lanchão farroupilhas capturaram a sumaca Dona Elvira, porém foram combatidos pelos canhões da fortaleza e obrigados a retroceder. A escuna recuou rumo ao norte, porém o lanchão, mais pesado, por ali parou e foi capturado por uma lancha com vinte homens comandada pelo alferes Manuel Antônio Dias, sendo a lancha Dona Elvira recuperada.
 O império impôs um bloqueio naval, que buscava estrangular a república economicamente. Garibaldi ainda conseguiu furar o bloqueio com três barcos, capturou dois navios de comércio, trocou tiros com o brigue escuna Andorinha e tomou o porto de Imbituba. Algum dia mais tarde retornou a Laguna, em 5 de novembro.
Pouco tempo depois o império reagiu com força total, comandado pelo General Andréa, comandante de armas de Santa Catarina, com mais de três mil homens atacando por terra. Enquanto isto, por mar, o Almirante Imperial Frederico Mariath, com uma frota de 13 navios, melhor equipados e experientes, iniciou a batalha naval de Laguna. Garibaldi fundeou convenientemente seus cinco navios, que enfrentaram os imperiais valentemente, mas sem chances de vitória. Nos navios farroupilhas nenhum comandante ou oficial escapou com vida.  O próprio Garibaldi, vendo a derrota iminente, queimou seu navio, a escuna Libertadora, e se juntou à tropa de Canabarro, que preparou a retirada de Laguna. Era o fim da marinha farroupilha.
Os imperiais retomaram Laguna a 15 de Novembro de 1839. Garibaldi fugiu com Ana, que se tornaria conhecida como Anita Garibaldi, uma mulher lagunense, casada, cujo esposo alistara-se no exército imperial, abandonando-a, um escândalo para a época. Anita veio a ser sua companheira de todos os momentos, lutando lado a lado com Garibaldi, tanto nos pampas gaúchos como na Itália, onde é considerada heroína.
Com o prolongamento do conflito, o governo designou o Barão de Caxias para conduzir as tropas da Guarda Nacional. Nessa mesma época, dissidências políticas e a crise econômica acabaram ameaçando as intenções dos revolucionários. De fato, nenhum dos lados desta guerra tinha condições suficientes para oferecer resistência. Com isso, o próprio governo optou em desmobilizar os farrapos atendendo a sua principal reivindicação: o aumento da taxa sobre o charque estrangeiro.

Os campos de Lages                                                  

Em 9 de março de 1838 os farroupilhas invadiram Lages, anexando a vila à República Rio-Grandense, com o apoio de alguns fazendeiros locais, fato que havia causado grande júbilo entre os revolucionários: era a primeira conquista dos farrapos fora do Rio Grande do Sul.
Depois da queda de Laguna, as tropas farrapas tomaram o caminho de Lages para retornar ao Rio Grande do Sul. Enquanto isso, o governo imperial havia decidido enviar um contingente de tropas ao sul pelo interior, com a missão de retomar Lages e depois auxiliar contra o cerco de Porto Alegre pelos farrapos. Em Rio Negro reuniram-se 1.500 homens, vindos do Rio de Janeiro, Curitiba, Paranaguá, Antonina e Campo do Tenente, deslocando-se para Santa Cecília, onde acamparam em 25 de outubro de 1839.
Travando pequenos combates com piquetes farroupilhas em novembro, através dos Campos dos Curitibanos e Campos Novos, chegaram a Lages, onde retomaram a vila. Dali uma parte da coluna do brigadeiro Francisco Xavier da Cunha decidiu seguir em direção ao Rio Pelotas, para invadir o Rio Grande do Sul.
Os farrapos, derrotados em Lages, se reuniram em um entreposto alfandegário, para cobrança de impostos sobre as tropas de gado e mulas que vinham de Viamão e seguiam para Sorocaba, conhecido como Santa Vitória.
O brigadeiro Francisco Xavier da Cunha foi informado e para lá se dirigiu, com seus dois mil homens. Foram surpreendidos em 14 de dezembrode 1839 por Teixeira Nunes que, com sua cavalaria, conseguiu dividir a tropa legalista e o fez retroceder. Em um renhido combate as tropas legalistas foram derrotadas. O brigadeiro, ferido e protegido por alguns oficiais, tentou escapar e, ao cruzar o Rio Pelotas, morreu afogado.
Os farroupilhas retomaram Lages novamente, mas as tropas legalistas foram reforçadas por uma divisão vinda de Cruz Alta, sob o comando do coronel Antônio de Melo Albuquerque, o "Melo Manso".
Garibaldi e Teixeira Nunes, pressentindo um ataque, dividiram suas tropas, uma partindo para o norte, onde, perto do Rio Marombas encontrou uma tropa legalista superior em 12 de janeiro de 1840. Os republicanos foram dizimados e, dos 500 iniciais, menos de 50 conseguiram retornar a Lages e depois voltar ao Rio Grande do Sul.

 1840: os farrapos perdem território

Até o ano de 1840, podia-se perceber um período de ascensão farroupilha, com várias vitórias no campo militar. Após esse período, é perceptível uma situação de decadência, iniciada com a queda de Laguna. O General Andréa, que havia retomado Laguna, logo é nomeado o novo Presidente Imperial da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul e Comandante do Exército Imperial na Província. Também começaram as desavenças políticas entre os farroupilhas, com consequências funestas no futuro.
No começo de 1840, os farroupilhas controlavam boa parte do interior, mas não tinham uma saída para o mar. Além disso, enquanto as tropas rio-grandenses se concentravam no cerco de Porto Alegre, Caçapava, a capital da República desde 14 de fevereiro de 1839. Considerada inexpugnável por causa do difícil acesso.  foi invadida pelos imperiais. Instalou-se a capital em Alegrete, em 28 de março.
No mesmo ano, no combate de Tabatingaí, João Propício Mena Barreto e suas tropas derrotaram 250 farroupilhas, prendendo Onofre Pires, levado para Porto Alegre. Em Julho os Farrapos perderam São Gabriel. Francisco Pedro de Abreu, o Moringue, surpreendeu Antônio de Sousa Neto, quase fazendo-o prisioneiro. Finalmente Bento Gonçalves, em campanha pela conquista de São José do Norte junto com Domingos Crescêncio de Carvalho e 1.200 homens, travou duríssima batalha de quase nove horas, tomando a cidade por pouco tempo. A reação vinda de Rio Grande expulsou os farrapos embriagados.
Estes insucessos e alguns desentendimentos com Bento Gonçalves deram pretexto a Bento Manuel, tido como fiel da balança do confronto, para abandonar os revolucionários. Escreveu ao Ministro da Guerra da República, José Mariano de Mattos, demitindo-se do exército, ao mesmo tempo em que escrevia para o presidente da província pedindo uma anistia para si e alguns amigos Anistiado, foi refugiar-se no Uruguai, desiludido com o sistema republicano que, segundo ele, "parece em teoria governo dos anjos, porém na prática nem mesmo para diabos serve".
 Bento Gonçalves, ainda no ano de 1840, em decorrência dos insucessos, acenou ao Império com a possibilidade de acordo. Bento pediu a Álvares Machado salvo-condutos para que companheiros seus pudessem atravessar impunemente os locais conquistados pelo império, a fim de acertar com os chefes imperiais os detalhes de uma rendição coletiva dos Farrapos. Levavam, efetivamente, uma carta com este desígnio. Porém, havia uma outra mensagem oral a ser dada àqueles líderes, que não podia ser escrita. A manobra, porém, foi tão bem pensada e executada que enganaria até mesmo seus companheiros de luta, e motivou uma carta de reprovação escrita por Domingos José de Almeida, então Vice-Presidente e Ministro da Fazenda da República Rio-Grandense.
Os combates continuaram em diversas frentes: em novembro de 1841, Chico Pedro fez 20 prisioneiros e tomou 400 cavalos dos Farroupilhas, perto de São Gabriel; em Rincão Bonito o coronel João Propício Mena Barreto provocou 120 mortes, fez 182 prisioneiros e tomou 800 cavalos; em 20 de janeiro de 1842 Chico Pedro, atacado por Bento Gonçalves e 300 homens, derrotou-o, provocando 36 mortes, 20 prisioneiros e capturando toda a bagagem, sofrendo somente 3 mortes e 7 feridos.
Uma Assembleia Constituinte havia sido convocada em 10 de fevereiro de 1840, porém manobras de Bento Gonçalves, que não queria perder poderes, levaram a que somente em 1842 fosse promulgada a Constituição da República, o que deu um ânimo momentâneo à luta.
 Reforços Liberais
 O fim das rebeliões em outras províncias, como a Sabinada na Bahia e a Revolução Liberal de 1842 em São Paulo, trouxeram novos reforços às tropas farrapas. Entre eles, vieram da Bahia:
§                     Daniel Gomes de Freitas (signatário depois do tratado de paz)
§                     Coronel Manoel Gomes Pereira, que financiou a fuga de Bento Gonçalves. Saiu da Bahia no início de janeiro de 1838, estava em Montevidéu em missão de recrutamento quando a Sabinada acabou e dali foi procurar seus amigos rio-grandenses, sendo bem acolhido e presenteado por Bento Gonçalves com o posto de coronel, servindo no Estado Maior. Veio com uma fortuna arrecadada para comprar barcos de guerra, que jamais navegaram, mas adquiriu uma chácara em Montevidéu, depois de cobrar de Bento o dinheiro que tinha lhe emprestado.
§                     João Rebelo de Matos, Bento José Roiz, José Pinto Ribeiro, João Francisco Régis, todos militares transferidos da Bahia e envolvidos naSabinada e que se rebelaram na Fortaleza da Barra do Sul, na Ilha de Santa Catarina, entregando a fortaleza aos Farrapos e se juntando ao movimento, em 1839.
§                     Francisco José da Rocha teria vindo da Bahia acompanhando Bento Gonçalves, era a maior autoridade maçônica na Província; sua promoção a tenente-coronel pelos farroupilhas foi um dos motivos que levaram Bento Manuel a abandonar o lado republicano.
§                     João Rios Ferreira

      De São Paulo veio Rafael Tobias de Aguiar, chefe da Revolução Liberal de 1842, que foi pouco depois preso em Palmeira das Missões e levado para a Fortaleza da Laje, no Rio de Janeiro.
Por outro lado, o fim destas outras rebeliões também liberou as tropas do exército brasileiro para concentrarem todos seus esforços contra os farroupilhas.

O duelo entre Bento Gonçalves e Onofre Pires

A República Rio-Grandense não ficou isenta das disputas pelo poder. Em dezembro de 1842, quando se instalou a Assembleia Constituinte Farroupilha, as divergências se exteriorizaram, contrapondo a maioria de Bento Gonçalves e a minoria de Antônio Vicente da Fontoura. Isto levou a que o projeto de Constituição, publicado em fevereiro de 1843, tivesse prejudicada a sistematização das ideias de todos aqueles que ainda estavam na revolução ou a apoiavam.
Em 4 de agosto de 1843, Bento Gonçalves renunciou à presidência da República Rio-grandense por conta de uma campanha de intrigas, assumindo seu vice Gomes Jardim. Lançou ao mesmo tempo um manifesto dizendo-se acometido de uma enfermidade pulmonar, que talvez já o estivesse incomodando, e incitou os farroupilhas a se unir em torno do novo presidente. Passou em seguida a comandar uma divisão do Exército Rio-Grandense.
Os opositores, entre eles o deputado Antônio Vicente da Fontoura, induziram Onofre Pires a destratar Bento Gonçalves, acusando-o do assassinato de Paulino da Fontoura. Onofre foi por isso desafiado por Bento para um duelo, realizado em 27 de fevereiro de 1844. Durante o duelo Onofre foi ferido no braço direito e, apesar de socorrido por Bento, faleceu dias depois, por complicações advindas do ferimento.

 

Negociações de paz e a batalha de Porongos


A primeira negociação de paz ocorreu com a nomeação de Francisco Alves Machado para presidente da província, o qual ofereceu a Bento Gonçalves anistia plena para negociar um tratado. Bento respondeu em carta, a 7 de dezembro de1840, propondo que: as dívidas contraídas pela república fossem pagas pelo governo imperial, os escravos que haviam sido alistados como soldados republicanos fossem libertados e que os oficiais revolucionários fossem garantidos em seus à sua causa diversos legalistas, como o coronel Manduca Loureiro postos, quando aproveitados em serviço da Guarda Nacional. Para melhor firmar o tratado, Bento Gonçalves solicitou uma conferência com o presidente, porém Álvares Machado negou-a por saber que os farrapos tentavam aliciar e o coronel João da Silva Tavares. A recusa da conferência importou em suspensão da anistia e consequente continuação da luta.
O sistema de guerrilha e a troca constante de presidentes e comandantes de armas prolongaram a luta até que o Barão de Caxias (futuro Duque) foi nomeado Presidente da Província e Comandante Supremo Imperial em 9 de novembro de 1842, reorganizando o exército e chamando para seu Estado Maior a Bento Manuel Ribeiro, que tinha se recolhido para o Uruguai. O barão empregava toda sua força de 12.000 homens, conhecimento, inteligência e experiência para minar a relativa supremacia farrapa no interior, que contava com apenas 3.500 homens. Entre as várias ações, iniciou uma campanha de estrangulamento da economia da República, atacando as cidades da fronteira que permitiam o escoamento da produção de charque para Montevidéu e Laguna comprando cavalos para impedir que os Farrapos tivessem montaria  e reativando o comércio.
Lima e Silva, porém, não conseguiu atrair os farrapos para uma batalha campal decisiva. O exército republicano, sabendo de sua inferioridade numérica e de armamentos, evitou o combate direto, tendo a campanha permanecida como uma série de pequenos combates e escaramuças; quando perseguidos, os farroupilhas se refugiavam no Uruguai.
Em 1844, Fructuoso de Rivera propôs intermediar a paz entre legalistas e republicanos. Manuel Luís Osório foi enviado ao acampamento de Rivera, onde se encontrou com Antônio Vicente da Fontoura, para avisar que Lima e Silva recusava a proposta de paz, mas que poderia haver tratativas com o governo, porém sem a presença de terceiros . Vicente da Fontoura foi enviado à corte para discutir a paz.
 Luís Alves de Lima e Silva recebeu instruções do Império, que temia o avanço de Rosas sobre o território litigante, para propor condições honrosas aos revoltosos, como a anistia dos oficiais e homens, sua incorporação ao Exército Imperial nos mesmos postos e a escolha do Presidente da Província pela Assembleia Provincial, taxações sobre o charque importado do Prata.
    Entretanto, uma questão permanecia insolúvel, a dos escravos libertos pela República para servir no exército republicano. Para o Império Brasileiro, era inaceitável reconhecer a liberdade de escravos dada por uma sedição, embora anistiasse os líderes da mesma revolta.
Em novembro de 1844, estavam todos em pleno armistício. Suspensão de armas, condição fundamental para que os governos pudessem negociar a paz, levando ao relaxamento da guarda no acampamento da curva do arroio Porongos. Canabarro e seus oficiais imediatos foram a uma estância próxima visitar a mulher viúva de um ex-guerreiro farrapo e o coronel Teixeira Nunes e seu corpo de Lanceiros Negros descansavam. Foi então que apareceu Moringue, de surpresa, quebrando o decreto de suspensão de armas. Mesmo assim o corpo de Lanceiros Negros, cerca de 100 homens de mãos livres, pelearam, resistiram e bravamente lutaram até a aniquilação, em uma posição de difícil defesa. Além disso, foram presos mais de 300 republicanos entre brancos e negros, inclusive 35 oficiais.
O general Canabarro, recuperado, reuniria ainda todo o restante de seu exército, cerca de 1.000 homens, e atacaria Encruzilhada a 7 de dezembro de 1844, tomando-a e mostrando assim que a sua intenção não era entregar-se.

Paz do Poncho Verde      

          Por fim, a 1° de março de 1845, assinou-se a paz: o Tratado de Poncho Verde ou Paz do Poncho Verde, após quase dez anos de guerra que teria causado 47.829 mortes. Entre suas principais condições estavam a anistia plena aos revoltosos, a libertação dos escravos que combateram no Exército piratinense e a escolha de um novo presidente provincial pelos farroupilhas.  O cumprimento parcial ou integral do tratado até hoje suscita discussões. A impossibilidade de uma abolição da escravatura regionalmente restrita, a persistência de animosidade entre lideranças locais e outros fatores administrativos e operacionais podem ter ao menos dificultado, senão impedido o cumprimento integral do mesmo.
          Dos escravos sobreviventes, alguns acompanharam o exército do general Antônio Neto em seu exílio no Uruguai, outros foram incorporados ao Exército Imperial e muitos foram vendidos novamente como escravos no Rio de Janeiro.
          A atuação de Luís Alves de Lima e Silva foi tão nobre e correta para com os oponentes que a Província, novamente unificada, o indicou para senador. O Império, reconhecido, outorgou ao general o título nobiliárquico de Conde de Caxias (1845). Mais tarde, (1850), com a iminência da Guerra contra Rosas, seria indicado presidente da Província de São Pedro do Rio Grande.



          A partir de então, o Barão de Caxias começou a articular as negociações que, finalmente, encerrariam essa penosa guerra. Após serem derrotados na batalha dos Porongos, em 1844, os farrapos enviaram um grupo que negociaria secretamente a rendição das tropas insurgentes na capital federal. 


          Em março de 1845, o tratado do Ponche Verde garantiu os interesses dos revolucionários gaúchos e a hegemonia territorial do império.

Fonte - Rainer Sousa/Graduado em História - Equipe Brasil Escola

Sintetizando:

Também chamada de Revolução Farroupilha, a Guerra dos Farrapos foi o mais importante conflito regencial. Duraram 10 anos (1835 – 1845) e, a paz só chegou no Governo de D. Pedro II.


Os objetivos dos farroupilhas eram:    
                                                                
Pagar menos impostos e que, o governo central aumentasse as taxas alfandegárias sobre o charque (carne-seca), o sebo e o couro.
O charque, além de ser o principal alimento dos escravos e dos pobres, também era o principal produto da economia gaúcha.
Os comerciantes do sudeste (dominados pelos latifundiários do centro e norte) compravam charque mais barato do Uruguai e da Argentina. Os uruguaios e argentinos vendiam barato, porque a mercadoria era produzida com mão-de-obra livre.
A concorrência não agradava os fazendeiros gaúchos que pagavam maiores impostos do que os estrangeiros.
         Por causa dos impostos a classe dominante do Rio Grande do Sul apoiava os ideais dos federalistas (chamados de farroupilhas) que queriam diminuir o poder do centro e aumentar a autonomia provincial.
Em 1834, nas eleições para Assembleia Provincial, os federalistas era a maioria e, isso dificultou as relações com o presidente da província (nomeado pelo imperador).
Um grande proprietário chamado Bento Gonçalves, assumiu o comando do exército farroupilha (formado por fazendeiros e peões) e pouco tempo depois ocuparam Porto Alegre iniciando a guerra.
O governo imperial, então, convocou Luis Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias) para combater e derrotar os farroupilhas.
O Rio Grande do Sul se rendeu; mas, conseguiram que as taxas alfandegárias sobre o charque fossem aumentadas.
Apesar do nome, os farrapos não eram esfarrapados, o movimento, na verdade, foi liderado por fazendeiros criadores de gado bovino.



               Fonte:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_Farrapos

          Revisão e arte - prof. Osma Soares Fernandes, historiador/Graduado em História na UNIC/MT.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu mundo é do tamanho de seu conhecimento... Volte sempre!