4ª LEGISLATURA DO MUNICÍPIO DA CIDADE DE NOVA
LONDRINA/PR, 31/01/1969 a 31/01/1973
LONDRINA/PR, 31/01/1969 a 31/01/1973
4ª Legislatura, 4º Prefeito Eleito nas eleições Municipais
de 15/11/1968 – Sr. Halim Maaraoui, Partido da Aliança
Renovadora Nacional - Arena nº. 2, com 1.965 votos, para a
gestão 31/01/1969 a 31/01/1973. Vice-Prefeito Oscar Tomazoni.
Período que exerceu o mandato: 31/01/1969 a 29/04/1969.
Prefeito - Halim Maaraoui
Vice-Prefeito Oscar Tomazoni
Vereadores:
Pela Arena
Moacir Gonçalves Ponce
Manoel Bono Rodrigues
Ary João Dresch
Teiki Tina
Sady Paviani
Dr. Alonso Canhetti Postigo
Licério Moreira da Silva
Arthur Ribeiro da Silva
Pelo MDB
Avelino Antonio Colla (MDB)
Suplentes que assumiram:
Américo Martins Antonio - Arena
Daniel Cardoso dos Santos - Arena
Raimundo de Oliveira - Arena
Ocuparam Cargos de Presidentes da Câmara Municipal de
Vereadores durante a gestão da 4ª Legislatura: 31/01/1969 a
31/01/1973:
Presidente Ver. Moacir Gonçalves Ponce - gestão 1969
Presidente Ver. Sady Paviani - gestão 1970
Presidente Ver. Daniel Cardoso dos Santos - gestão 1971
Presidente Ver. Dr. Alonso Canhetti Postigo - 1972
A história da cassação:
CÂMARA DOS DEPUTADOS -
ATOS INSTITUCIONAIS - Sanções
Políticas
Compilado por
Paulo Affonso Martins de
Oliveira
Segundo coincidentes relatos de alguns moradores da
época das Eleições Municipais, realizadas em 15/11/1968, do
Município e Comarca de Nova Londrina/PR, o Candidato a
prefeito, Sr. Halim Maaraoui, elegeu-se pela Arena nº. 2, com
1965 votos, com o slogan de campanha: “Um tostão contra um
milhão”. Tomou posse e permaneceu no cargo no período de:
31/01/1969 a 29/04/1969. Teve seu mandato cassado pelo
Regime Militar, pelo seguinte fato:
“Os adversários inconformados e decepcionados com o
resultado desfavorável da Eleição para Prefeito, teriam
arquitetados uma manobra para cassá-lo.”
De acordo com os relatos, o que se cogitou pelos seus
opositores e levado ao conhecimento da Ditadura Militar, foi o
seguinte:
Que, Halim, no “calor” da emoção da vitória, havia
desfilado com uma bandeira, supostamente a do Líbano, em
passeata comemorativa e a exposição da mesma em seu
gabinete, na Prefeitura Municipal.
CÂMARA DOS DEPUTADOS -
ATOS INSTITUCIONAIS - Sanções
Políticas
Compilado por
Paulo Affonso Martins de
Oliveira
A P R E S E N T A Ç Ã O
Com a publicação dos Atos Institucionais: sanções
políticas, a Câmara dos Deputados leva ao conhecimento
público um trabalho de pesquisa, organização e edição que
reúne os nomes de mais de 4.800 pessoas atingidas pelo golpe
de 1964 e pelos governos do período militar, com a cassação do
mandato, suspensão dos direitos políticos, aposentadoria,
reforma e banimento.
Trata-se de uma lista dolorosa, cuidadosa e
pacientemente organizada pelo então Secretário-Geral da
Câmara dos Deputados, Paulo Afonso Martins de Oliveira, que
recortava os atos punitivos, um por um, à medida que eram
publicados no Diário Oficial da União. Foram centenas, se não
milhares, de decretos e medidas editados pelos chefes militares
no período de 1964 a 1978, quando o regime implantado e
mantido pela força era senhor da vida e do destino dos
cidadãos. Cada ato era metodicamente recortado e copiado.
Uma cópia ficava com Paulo Afonso e a outra era encaminhada
à Biblioteca da Câmara, para ser arquivada.
Ao final de alguns anos, dessa rotina resultou uma
relação imensa de nomes. Mais do que nomes, personagens.
Alguns políticos nacionalmente conhecidos, professores,
intelectuais, gente do melhor gabarito, representantes de
partidos e expressivos grupos sociais. Outros cidadãos
humildes, desconhecidos. Muitos, integrantes da própria
Câmara dos Deputados, excluídos da vida pública e do convívio
diário dos funcionários. Temos em mãos, portanto, um
verdadeiro glossário da inquisição político-ideológica
patrocinada pelo regime.
Todas as pessoas, ao entrarem na lista negra do regime,
eram identificadas pela sua atividade profissional ou pela
função pública exercida. A primeira leva de punições foi
publicada no Diário Oficial de 10 de abril de 1964, anexada ao
Ato Institucional que depois seria conhecido como AI-1. Cassou,
demitiu e suspendeu os direitos políticos de Abelardo Jurema,
ex-ministro da Justiça, do professor Darcy Ribeiro, fundador da
Universidade de Brasília, entre outros. Era a primeira ação do
novo regime contra os mais importantes auxiliares e
colaboradores do Presidente João Goulart, deposto alguns dias
antes.
Começou, naquele (10 de abril) de triste memória, um
processo de “depuração”, se assim o podemos chamar, que
depois se estenderia a outros líderes, governadores, deputados,
senadores, funcionários públicos, professores, e que acabaria
atingindo, inclusive, os partidários do golpe, num processo
autofágico, próprio dos regimes ilegítimos e sem
representatividade popular.
Razões de segurança nacional justificavam, então, as
punições. Hoje, analisando esse passado recente, constatamos
que as cassações políticas promovidas pelo regime militar não
trouxeram benefícios ao País. O que houve foi a “eliminação” de
lideranças políticas tradicionais e ação preventiva e nefasta
contra os líderes emergentes.
O Brasil perdeu. Calou-se o Congresso. A Justiça foi
acuada e reduzida. Os partidos foram dizimados, as
universidades desfalcadas de importantes quadros. Ninguém,
nem mesmo os governantes de então, ganhou com o banimento
da vida pública de lideranças que despontavam na vida
nacional.
Folheando a publicação, nos vêm recordações,
lembranças. Na página 214, o nome do então senador Juscelino
Kubitschek de Oliveira, cassado e com os direitos políticos
suspensos. Na página 115, por exemplo, a aposentadoria do
professor Fernando Henrique Cardoso da Universidade de São
Paulo e o banimento do jornalista Fernando Nagle Gabeira. O
primeiro atual Presidente da República, e o segundo, hoje
deputado, souberam superar as punições, amargaram exílio e
retornaram para continuar sua importante contribuição ao
futuro do Brasil. Muitos, porém, não conseguiram dar a volta por
cima. Ou, como JK, não viveram tempos suficientes para
retomar a atividade política. Por trás de cada nome, nessas
páginas, há uma história de violência, mortes, revolta, famílias
desfeitas, vocações interrompidas, talentos desperdiçados.
Anos de atraso, décadas perdidas.
Atos Institucionais: sanções políticas é um documento de
pesquisa, ponto de partida para estudos e incursões nos anais
da Câmara, onde estão gravados atos de bravura e iniciativas
pessoais de muitos deputados que tiveram a coragem de
denunciar, de combater o estado de coisas que se implantara
no País. Sem poderes para mudar, para influir nos rumos, para
decidir, o Congresso Nacional se resumia à tribuna. Era a voz do
povo, contra as injustiças, as perseguições, os excessos de
grupos militares que tudo podiam, que desconheciam limites
éticos, morais, humanos.
Muitos foram atingidos apenas por discursos que fizeram,
pela veemência na tribuna. Doutel de Andrade, por exemplo,
teve seu mandato de deputado cassado por ter lido na Câmara
uma carta que recebera do Ex-presidente João Goulart, seu
compadre, em que ele fazia um balanço do seu curto período de
governo, ao completar um ano de sua deposição. A imprensa,
sob censura na época, não chegou a publicar a carta. Lida da
tribuna, ela justificou a cassação. Está lá, nos arquivos da
Câmara, para consulta dos que estudam esse período.
A publicação é, assim, uma exaltação à tribuna
parlamentar. O quadrilátero da tribuna, o mais democrático
espaço da vida nacional, onde a palavra é livre, onde o que vale
e o que importa é a representação. Francisco Julião, líder das
ligas camponesas, foi cassado por um pronunciamento sobre a
situação do campo nos primeiros anos do regime militar.
Discurso que não saiu na imprensa, registrado apenas na Voz do
Brasil, o noticiário de rádio, parte do Congresso Nacional, onde
nem as censuras, nem a autocensura jamais prosperam.
Mesmo nos momentos de maior fechamento do regime de
arbítrio, os Presidentes da Câmara nunca censuraram e nem
permitiram censura à Voz do Brasil. Eram escoimados dos
discursos, pela Mesa Diretora, os excessos verbais, os
palavrões, mas nunca as críticas, elogios ou denúncias dirigidas
aos governos e aos poderosos do dia.
A relação de nomes é uma prova material dos excessos
políticos do regime de 1964. Ela não trata daqueles que foram
presos, torturados, dos que foram mortos ou desapareceram
sem deixar vestígios. Destes crimes, outros textos e outras
publicações já cuidaram. A edição faz chegar ao grande público
às provas legais, a confissão pública e institucional da
violência. Um testemunho da intolerância, que fica como
referencial para a presente e futuras gerações de brasileiros.
Michel Temer
Presidente da Câmara dos Deputados
Centro de Documentação e Informação
Coordenação de Publicações
Brasília - 2000
Dentre os citados na Lista dos injustiçados consta o nome
de Halim Maaraoui, Prefeito de Nova Londrina/PR. Sanção:
Suspensão de direitos políticos e cassação de mandato. D.O.:
30-04-1969, p. 3662
Diante do exposto, concluí-se, que, a cassação do
mandato do prefeito ora mencionado, ocorreu explicitamente
por perseguição política de seus opositores, fato consumado
pelos Atos Institucionais AI-5 do Regime Militar.
De acordo com a mensagem do Presidente da Câmara dos
Deputados, Michel Temer, referente à Lista de nomes de
pessoas ilustres, que lutaram contra as injustiças sociais e que
sofreram na “pele” as Sanções do AI-5, dentre elas, está o nome
do ex-prefeito de Nova Londrina, Senhor Halim Maaraoui, que foi
deposto do cenário político Municipal, aniquilado da política
local, mas, que, entrou para essa célebre Lista dos mais de
4.800 nomes, hoje, reconhecidamente, como os Heróis do
Brasil.
Ministério da Justiça
GABINETE DO MINISTRO
PORTARIA Nº. 2.233, DE 13 DE DEZEMBRO DE 2002
O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas
atribuições legais, com fulcro no artigo 10 da Lei Nº. 10.599, de
13 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial de 14 de
novembro de 2002 e considerando o resultado do julgamento
proferido pela Primeira Câmara da Comissão de Anistia, na
sessão realizada no dia 22 de novembro de 2002, no
Requerimento de Anistia n.º 2002.01.10599, resolve:
Declarar HALIM MAARAOUI ANISTIADO POLÍTICO,
concedendo-lhe reparação econômica, de caráter indenizatório,
em prestação única, no valor correspondente a 330 (trezentos e
trinta) salários mínimos, equivalente nesta data, R$ - 66.000,00
(Sessenta e Seis Mil Reais), nos termos do artigo 1º. - inciso I e
II, da Medida Provisória nº. 66, de 28 de agosto de 2002.
GABINETE DO MINISTRO
PORTARIA Nº. 2.233, DE 13 DE DEZEMBRO DE 2002
O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas
atribuições legais, com fulcro no artigo 10 da Lei Nº. 10.599, de
13 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial de 14 de
novembro de 2002 e considerando o resultado do julgamento
proferido pela Primeira Câmara da Comissão de Anistia, na
sessão realizada no dia 22 de novembro de 2002, no
Requerimento de Anistia n.º 2002.01.10599, resolve:
Declarar HALIM MAARAOUI ANISTIADO POLÍTICO,
concedendo-lhe reparação econômica, de caráter indenizatório,
em prestação única, no valor correspondente a 330 (trezentos e
trinta) salários mínimos, equivalente nesta data, R$ - 66.000,00
(Sessenta e Seis Mil Reais), nos termos do artigo 1º. - inciso I e
II, da Medida Provisória nº. 66, de 28 de agosto de 2002.
PAULO DE TARSO RAMOS RIBEIRO
Fonte:
DOU - DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO - Seção 1 16/12/2002 pagina 92
Este texto não substitui o publicado no D.O.U.
4ª Legislatura
Vice-Prefeito Oscar Tomazoni (IN MEMORIAM)- Assumiu mandato em caráter provisório - 03/05/1969 a 04/08/1969
Vice-Prefeito Oscar Tomazoni (IN MEMORIAM)- Assumiu mandato em caráter provisório - 03/05/1969 a 04/08/1969
assumiu interinamente em caráter provisório
a prefeitura Municipal de Nova Londrina, PR,
no período 03/05/1969 a 04/08/1969
devido à cassação do mandato
do Prefeito Halim Maaraoui.
Era o presidente da Câmara municipal de Vereadores - Moacyr Gonçalves Ponce - gestão 1969
Ao ser empossado, fez uso da palavra e disse:
ESTOU CÔNSCIO DE MINHAS RESPONSABILIDADES E QUE TUDO FAREI PARA VER REINAR EM NOVA LONDRINA A PAZ E A TRANQUILIDADE, E QUE, TODOS DEVIAM COLABORAR COM MINHA ADMINISTRAÇÃO".
Sobre a Cassação do Prefeito Halim Maaraoui ele deu a seguinte versão ao prof. Osmar Fernandes, autor do livro: Nova Londrina, Rainha do Noroeste, 60 anos de história, 2010, que está registrada na página 113:
Que constaram no processo de cassação os seguintes fatos:
1 - O fato da bandeira;
2 - Que, Halim, havia criticado o método de ensino do Governo Federal (Ministério da Educação);
3 - Promessas de retirar terras dos proprietários e dá-las para empregados (empreiteiros);
4 - Incitar a população a não pagar mais impostos;
E acrescentou o seguinte: "QUE, SÓ O FATO DA BANDEIRA JÁ CONFIGURAVA EM SUBVERSÃO, ENTRETANTO, OUTRAS INVERDADES ACIMA MENCIONADAS FORAM DENUNCIADAS PARA GARANTIR O PROCESSO DE CASSAÇÃO".
Oscar Tomazoni, político nova-londrinense, faleceu na data de 16 de janeiro de 2016, aos 70 anos, fato ocorrido em Curitiba/PR, onde se tratava da doença de Parkinson. Se corpo foi velado na Capela do Plano Santa Maria, na Av. Heitor Furtado, perto da 8ª SDP. Seu sepultamento foi realizado na manhã deste domingo, às 10H00MIN no Cemitério Municipal de Paranavaí (Centro).
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A história da Cassção de Halim Maaraoui
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