Fernandes, Osmar
Soares
RESUMO
Esta obra apresenta a
história de José, o carpinteiro – pai adotivo de Jesus Cristo. O objetivo é
elucidar a sua vida, o matrimônio com a Virgem Maria e a sua tarefa como pai do
Salvador. O tema foi escolhido para compreender a relevância da família sagrada
para os cristãos. A pretensão é responder: Quem foi José, o pai do Messias? O
estudo foi elaborado através de revisão bibliográfica, pesquisa executada em
bases online como o Google Acadêmico e a Bíblia Sagrada – edições paulinas e
nos livros apócrifos. O trabalho foi executado durante o mês de abril de 2020. Com
os resultados obtidos, descobriu-se que há pouco material histórico sobre a sua
vida. Justifica-se essa análise pela relevância social, religiosa e espiritual
que o tema designa. Concluiu-se que, José era viúvo, tinha filhos do primeiro
casamento e depois noivou-se com Maria - a virgem santa; que,
sobrenaturalmente, engravidou-se pelo Espírito Santo, e José não acreditou,
mas, um anjo lhe apareceu em sonhos, revelou a ele a verdade e a sua missão, e que
deveria pôr o nome da criança de Jesus.
Palavras-chave: Apócrifo.
Bíblia. José. Jesus. Maria.
ABSTRACT
This work presents the story of Joseph,
the carpenter - the adopted father of Jesus Christ. The objective is to
elucidate his life, his marriage to the Virgin Mary and his task as father of
the Savior. The theme was chosen to understand the relevance of the holy family
to Christians. The intention is to answer: Who was Joseph, the father of the
Messiah? The study was carried out through bibliographic review, research
carried out on online bases such as Google Scholar and the Holy Bible - Pauline
editions and in apocryphal books. The work was carried out during the month of
April 2020. With the results obtained, it was discovered that there is little
historical material about his life. This analysis is justified by the social,
religious and spiritual relevance that the theme designates. It was concluded
that, Joseph was a widower, had children from his first marriage and later
became engaged to Mary - the holy virgin; who, supernaturally, became pregnant
by the Holy Spirit, and Joseph did not believe it, but an angel appeared to him
in dreams, revealed to him the truth and his mission, and that he should name
the child of Jesus.
Keywords:
Apocryphal. Bible. Joseph. Jesus. Maria.
____________________________
Graduado em História,
Licenciatura Plena (UNIC/MT) e pós-graduado em Psicopedagogia clínica e
institucional pela FATEC/PR. Atuou como Professor de História na cidade de Várzea
Grande – MT e na Comarca de Nova Londrina, Estado do Paraná, na Rede Pública
Estadual de Ensino, pela SEED/PR, Ensino Fundamental II e Ensino Médio;
Escritor, Poeta, Historiador, Palestrante, Ex-Vereador 2013 a 2016 e Ex-Secretário
Parlamentar na Câmara dos Deputados, 2017/2019, lotação: Gabinete do Dep. Fed.
Rubens Bueno (Cidadania 23). E-mail: osmarescritor@gmail.com
A sagrada
família: Maria, José e Jesus
Toda
família é chamada a imitar as virtudes da Sagrada Família. A Sagrada Família
vive por Deus e para Deus. O seu projeto é sempre fazer a vontade de Deus. A
sagrada Família é a própria escola de todas as virtudes. Como mulher temente a
Deus, sempre disse Sim: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a
sua palavra. (Lc.1,38). Acompanhando seu Filho por toda a história da nossa
Salvação, Maria nos dá todos os exemplos de como seguir Jesus para chegar a
Deus.
Viveu toda a sua vida dedicada a
Jesus, ajudando a prepará-lo para tudo o que tinha que viver e sofrer. Estava
presente no primeiro milagre nas Bodas de Canaã, onde deu uma recomendação que
serve para todo cristão: fazei tudo o que Ele vos disser. Esse pedido de Maria continua vivo até hoje.
Que sigamos Jesus para a nossa Salvação.
Maria estava presente no início da Igreja, após a Ascensão de Jesus e continua até os dias de hoje, levando todos para o Sagrado Coração de Jesus. Maria disse em Fátima que quer a Salvação de todos. Maria guardava tudo em seu coração, e Jesus crescia em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens. (Luc 2.41-52). (CATÓLICOS, Santos e Ícones. História de Sagrada Família).
Maria estava presente no início da Igreja, após a Ascensão de Jesus e continua até os dias de hoje, levando todos para o Sagrado Coração de Jesus. Maria disse em Fátima que quer a Salvação de todos. Maria guardava tudo em seu coração, e Jesus crescia em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens. (Luc 2.41-52). (CATÓLICOS, Santos e Ícones. História de Sagrada Família).
1.
INTRODUÇÃO
Este trabalho de pesquisa trata sobre
a história de José, o carpinteiro – pai adotivo de Jesus Cristo. Homem justo,
conforme Mateus 1:19, pai e esposo fiel, trabalhador, obediente aos pedidos e
ordens de Deus. Um Anjo lhe apareceu e disse: José, filho de Davi, não temas
receber Maria por tua mulher, porque o que dela vai nascer é obra do Espírito
Santo de Deus. (Mat. 1,20). Foi sempre o defensor de Maria e Jesus, e como carpinteiro
dava o sustento para a Sagrada Família. Quando Herodes quis matar Jesus, José
recebeu uma ordem de Deus para fugir para o Egito para proteger Jesus, e ele
obedeceu.
O
objetivo é elucidar a sua vida, o matrimônio com a Virgem Santíssima Maria e a
sua tarefa como pai do Salvador. O tema foi escolhido para compreender a relevância
da Família Sagrada para os cristãos. A pretensão é responder: Quem foi José, o
pai do Messias?
A
investigação sobre a vida de José, pai de Jesus Cristo, promoveu uma análise
aprofundada sobre os textos bíblicos e os evangelhos apócrifos, o que
demonstrou fatos extraordinários sobre o seu legado e procurou estudar os acontecimentos
do noivado entre ele e Maria – a mãe de Jesus, que, mesmo prometida a ele, virgem,
engravidou-se pelo Espírito Santo, e ele duvidou.
Este
trabalho justifica-se pela relevância sociocultural, religiosa e espiritual que
o tema revela. É importante porque o cristianismo tem hoje cerca de 2,3 bilhões
de adeptos no mundo, dividido em três ramos principais de católicos,
protestantes e ortodoxos; o cristianismo é a maior religião do mundo. A parte
cristã da população mundial representa cerca de 33% da humanidade nos últimos
cem anos, o que significa que uma em cada três pessoas no planeta, é cristã.
A
metodologia aplicada foi realizada através da revisão bibliográfica, pesquisa
executada e coletada em bases on-line como o Google Acadêmico, documental – A Bíblia
Sagrada – edições paulinas e nos livros apócrifos encontrados na internet. O
trabalho foi executado durante o mês de abril de 2020.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O assunto trata de José, o carpinteiro – pai
adotivo de jesus cristo. Nascimento, morte e ressurreição de Jesus, anunciados
nas profecias do Antigo Testamento da Bíblia Sagrada. O tema está fundamentado
de acordo com a Bíblia online, a Bíblia Sagrada – edições paulinas e nos livros
apócrifos. Jesus é filho de Deus vivo – onisciente, onipotente e onipresente; e
na terra é filho adotivo de José, o carpinteiro.
A
Bíblia é uma coleção de 66 livros, que são divididos em dois grandes grupos: O Antigo
Testamento – 39 livros escritos antes de Jesus, reconhecidos pelos judeus (que
não os chamam de Velho Testamento) e pelos cristãos. Relata sobre as origens da
humanidade e a História do povo de Israel. Todos esses livros apontam de alguma
forma para a vinda de Jesus. O Novo Testamento – 27 livros escritos depois da
vinda de Jesus, que completam o significado do Antigo Testamento. Os judeus não
aceitam esses livros. Contam sobre a vida, morte e ressurreição de Jesus e o
início da Igreja.
Os
livros apócrifos – que, podem ter valor histórico e moral, mas não foram
inspirados por Deus, portanto não servem para formar doutrinas (ensinamentos
fundamentais). A Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa aceitam alguns livros
apócrifos como parte da Bíblia. “Apócrifo” vem de uma palavra grega que
significa “oculto”.
Os estudiosos e profetas e apóstolos
da Bíblia Sagrada afirmam que José casou-se com Maria aos 30 anos de idade,
sendo viúvo, com filhos do primeiro casamento e foi escolhido a dedo por Deus
para guardar a virgindade de Maria. A Bíblia não relata a morte de José e
também não diz quando José faleceu. A última citação sobre José na Bíblia foi
no episódio do templo, quando Jesus tinha 12 anos de idade (Lucas 2:48). Também
afirmam que morreu aos 60 anos de idade, antes do início da vida pública de
Jesus, pois a partir deste momento não é citado mais nos textos bíblicos.
Segundo
o Evangelho Apócrifo: José, o Carpinteiro, pai de Cristo, segundo a carne,
abandonou esta vida mortal e viveu cento e doze anos. Quando nosso Salvador
contou toda a sua vida aos apóstolos, reunidos no monte das Oliveiras, eles
escreveram as suas palavras, e depois guardaram-nas na biblioteca de Jerusalém.
3. A GENEALOGIA DE JESUS DE ACORDO COM AS SAGRADAS ESCRITURAS BÍBLICAS
1 Registro da genealogia de Jesus
Cristo, filho de Davi, filho de Abraão:
2 Abraão gerou Isaque; Isaque gerou
Jacó; Jacó gerou Judá e seus irmãos;
3 Judá gerou Perez e Zerá, cuja mãe foi
Tamar; Perez gerou Esrom; Esrom gerou Arão;
4 Arão gerou Aminadabe; Aminadabe gerou
Naassom; Naassom gerou Salmom;
5 Salmom gerou Boaz, cuja mãe foi Raabe;
Boaz gerou Obede, cuja mãe foi Rute; Obede gerou Jessé;
6 e Jessé gerou o rei Davi. Davi gerou
Salomão, cuja mãe tinha sido mulher de Urias;
7 Salomão gerou Roboão; Roboão gerou
Abias; Abias gerou Asa;
8 Asa gerou Josafá; Josafá gerou Jorão;
Jorão gerou Uzias;
9 Uzias gerou Jotão; Jotão gerou Acaz;
Acaz gerou Ezequias;
10 Ezequias gerou Manassés; Manassés
gerou Amom; Amom gerou Josias;
11e Josias gerou Jeconias e seus irmãos
no tempo do exílio na Babilônia.
12 Depois do exílio na Babilônia:
Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel;
13 Zorobabel gerou Abiúde; Abiúde gerou
Eliaquim; Eliaquim gerou Azor;
14 Azor gerou Sadoque; Sadoque gerou
Aquim; Aquim gerou Eliúde;
15 Eliúde gerou Eleazar; Eleazar gerou
Matã; Matã gerou Jacó;
16 e Jacó gerou José, marido de Maria,
da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.
3.1 O nascimento de Jesus – o
evangelho de Mateus – Novo Testamento
17 Assim, ao todo houve catorze gerações
de Abraão a Davi, catorze de Davi até o exílio na Babilônia, e catorze do
exílio até o Cristo.
18 foi assim o nascimento de Jesus
Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se
unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo.
19 por ser José, seu marido, um homem
justo, e não querendo expô-la à desonra pública, pretendia anular o casamento
secretamente.
20 Mas, depois de ter pensado nisso,
apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: "José, filho de Davi, não
tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito
Santo.
21 Ela dará à luz um filho, e você
deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus
pecados".
22 tudo isso aconteceu para que se
cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta:
23 “A virgem ficará grávida e dará à luz
um filho, e o chamarão Emanuel", que significa "Deus conosco".
24 ao acordar, José fez o que o anjo do
Senhor lhe tinha ordenado e recebeu Maria como sua esposa.
25 Mas não teve relações com ela
enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus.
3.2 A História de José segundo a Bíblia Sagrada
José era um carpinteiro que vivia em Nazaré, uma pequena aldeia na região da
baixa Galiléia. Ele já aparece no relato bíblico como o noivo de Maria, uma
virgem que morava no mesmo vilarejo. Lucas e Mateus narram episódios
cristocêntricos em que o carpinteiro está envolvido, dizendo que José era
descendente do rei Davi e residia no pequeno povoado de Nazaré; João apenas o
menciona como membro da Sagrada Família; ao passo que Marcos sequer cita expressamente
seu nome.
Os estudiosos da Bíblia afirmam que José casou-se com Maria aos 30 anos de
idade, sendo viúvo, com filhos do primeiro casamento e foi escolhido a dedo por
Deus para guardar a virgindade de Maria. Também afirmam que morreu aos 60 anos
de idade, antes do início da vida pública de Jesus, pois a partir deste momento
não é citado mais nos textos bíblicos.
José de Nazaré foi marido de Maria, mãe de Jesus. Algumas vezes ele é
chamado de José, pai de Jesus, porque agia legalmente como pai para Jesus.
Inclusive, os judeus da época consideravam Jesus como filho de José (Lucas
3:23; 4:22; João 1:45; 6:42).
Maria ficou grávida num período em que já era noiva de José, mas antes de ter
tido qualquer relação sexual com ele. Esse noivado significava um compromisso
matrimonial. No entanto, esse noivado era muito mais sério do que a noção que
temos sobre um compromisso dessa natureza na atualidade. É por isso que já
naquele momento Maria era chamada de “esposa de José”, visto que legalmente
ambos estavam desposados. A partir daquele noivado, restava apenas a festa de
núpcias e o “começar a viver juntos”. Conforme a Lei, uma mulher desposada que
praticasse infidelidade deveria ser castigada com a morte (Deuteronômio 22:23,24).
Foi durante esse período de intervalo que Maria engravidou, sobrenaturalmente,
pela ação do Espírito Santo.
Quando José tomou conhecimento da condição de Maria, a Bíblia diz que ele
considerou divorciar-se dela em silêncio para não a expor ao vexame público
(Mateus 1:20). O relato bíblico simplesmente parece indicar que aquela era uma
reação natural de José. Ele era um homem que amava sua noiva, mas que pensava
ter sido enganado. Aqui é importante lembrar que a Bíblia testifica que José
era um homem bom, justo e temente a Deus (Lucas 1:6).
José desistiu de anular o casamento depois da revelação em sonho – (Mateus 1:24).
Nessa ocasião, José foi chamado pelo anjo de “filho de Davi”, uma expressão
também aplicada a Jesus em diversas vezes e que nesse contexto significava
explicitamente que José era o herdeiro legal de Davi. Conforme foi dito, a
árvore genealógica descrita em Mateus deixa isso evidente.
Depois da revelação que teve, José assumiu Maria como sua esposa e desempenhou
o papel de “pai” para o menino Jesus. O corpo de Jesus humano foi o produto de
uma fecundação imaterial. José era o pai real, embora não material de Jesus. O
corpo de Jesus foi bioplasmado no mundo espiritual, e trazido a Terra. O corpo
astral, bioplasmático, é o corpo vital, base do corpo material. Bios é a
palavra grega para vida; plasmar é o elemento vital que forma o corpo material.
Após o nascimento de Jesus em Belém, José o levou a Jerusalém para a
purificação (Lucas 2:22). Ele não possuía posses e quando levou Jesus ao Templo
para ser circuncidado e Maria para ser purificada ofereceu o sacrifício dos
pobres, isto é, um par de rolas ou dois pombinhos, permitido apenas àqueles que
não tinham condições de comprar um cordeiro (Lucas 2,24). Depois, como chefe da
família, José fugiu com ele para o Egito a fim de escapar da perseguição
invejosa de Herodes, conforme a instrução recebida do anjo do Senhor (Mateus
2:13-15).
Em Mateus
2:13/14 e Mateus 2:19/21 – temos novas aparições do anjo a que José prontamente
obedece. Nenhum dos evangelistas assistiu pessoalmente a estes acontecimentos e
só Mateus registrou esta fuga para o Egito e o massacre das crianças. Lucas que
foi tão meticuloso ao escrever o seu evangelho, como ele próprio afirma logo no
início, parece ter rejeitado estas informações, assim como muitas outras dos
antigos textos que ficaram conhecidos como os apócrifos do Novo Testamento que
tentam colmatar o silêncio do que terá acontecido antes de Jesus iniciar a sua
pregação.
José se estabeleceu novamente em Nazaré, onde Jesus foi criado e aprendeu sua
profissão (Marcos 6:3). Apesar de não ter sido o pai biológico, coube a José a
responsabilidade de proteger, educar e cuidar do menino até a sua fase adulta.
Anualmente José levava sua família para Jerusalém, por ocasião da celebração da
Páscoa (Lucas 2:41-52). De acordo com Mateus 13:55 e Marcos 6:3, podemos
concluir que José era carpinteiro e como era natural nessa cultura, em que os
filhos geralmente seguiam a profissão dos pais, José ensinou essa profissão a
Jesus.
Mateus 13:55 – Não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é
Maria, e não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não é este o
carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Marcos 6:3 –
E Não estão aqui conosco as suas irmãs?" E ficavam escandalizados por
causa dele. João 6:42 – diziam: "Este não é Jesus, o filho de José? Não
conhecemos seu pai e sua mãe? Como ele pode dizer: 'Desci do céu'?".
Naquela ocasião, Jesus disse: "Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da
terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos
pequeninos. Mateus 11:25. Respondeu Jesus: "Feliz é você, Simão, filho de
Jonas! Porque isto não foi revelado a você por carne ou sangue, mas por meu Pai
que está nos céus. Mateus 16:17.
Então perguntaram-lhe: "Onde está o seu pai?". Respondeu Jesus:
"Vocês não conhecem nem a mim nem a meu Pai. Se me conhecessem, também
conheceriam a meu Pai". João 8:19.
Na Bíblia
podemos perceber a liderança - e a obediência - de José nas decisões em
preservar Maria e Jesus. Desde a escolha do nome (Mateus 1:25), a fuga para o
Egito (Mateus 2:13-15), o nascimento (Lucas 2:5-7) e a apresentação do menino
Jesus no templo (Lucas 2:22-24).
A Bíblia não relata a morte de José e também não diz quando José faleceu. A
última citação sobre José na Bíblia foi no episódio do templo, quando Jesus
tinha 12 anos de idade (Lucas 2:48). Existe um texto apócrifo escrito entre os
séculos VI e VII que narra a história de José e detalha o seu falecimento.
Apesar do texto ser rico em detalhes, trata-se de uma narrativa romantizada e
duvidosa quanto a veracidade dos fatos.
3.2.1 Introdução
a João, segundo a Bíblia Sagrada
O
quarto Evangelho, pela feição particular que caracteriza, afasta-se dos
Evangelhos sinóticos. Seu fim
principal, como nota o próprio autor (20,31), é fazer ressaltar a divindade de
Cristo, e para tal fim convergem tanto a elevação dos discursos, reproduzidos
com os mesmos milagres narrados e o prólogo admirável, que se refere ao “Verbo
que se fez carne, e nós vimos a sua Glória como filho unigênito do Pai” (1,14).
1,14 O
Verbo nas suas relações com Deus. E o Verbo se carne, e habitou entre nós; e
nós vimos a sua glória, glória como de Unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade.
4. LIVROS APÓCRIFOS
Os
livros apócrifos podem ter valor histórico e moral, mas não foram inspirados
por Deus, portanto não servem para formar doutrinas (ensinamentos
fundamentais). A Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa aceitam alguns livros
apócrifos como parte da Bíblia. “Apócrifo” vem de uma palavra grega que
significa “oculto”. A Bíblia tem 66 livros que todas as igrejas aceitam como
inspirados por Deus. Vários outros livros relacionados, mas não inspirados
também foram escritos ao longo do tempo. Esses livros são chamados livros
apócrifos, porque não fazem parte da Bíblia (foram “ocultados” da Bíblia, para
evitar heresias e confusões).
4.1. Evangelhos Apócrifos – José, o Carpinteiro
E estava um dia nosso bom Salvador no monte das Oliveiras com os discípulos à
sua volta e dirigiu-se a eles com estas palavras:
Certa vez aconteceu que muitos meninos seguiam Jesus para divertirem-se em sua
companhia. Mas havia um pai de família que, irado ao ver que seu filho ia com
Jesus, e para que não o seguisse mais, prendeu-o numa torre fortíssima e muito
sólida, sem buraco nem entrada alguma além da porta e de uma janelinha
estreitíssima, que apenas deixava passar um pouquinho de luz; e a porta estava
bem escondida e trancada. E aconteceu que um dia Jesus aproximou-se dali com
seus companheiros para brincar. Ao ouvi-los, o menino encarcerado pôs-se a
gritar junto à janela da seguinte maneira: "Jesus, queridíssimo
companheiro, ao ouvir tua voz minha alma regozijou-se e senti-me cheio de
alívio. Por que me deixas aqui encarcerado?" Jesus foi até ele e lhe
disse: "Estende-me uma mão ou um dedo pelo buraco". E tendo feito
isto, Jesus pegou a mão daquele menino e o tirou através daquela estreitíssima
janelinha. E o menino foi embora em sua companhia. Jesus disse-lhe:
"Reconhece o poder de Deus e na tua velhice conta o que Deus te fez na tua
infância". Ao tomar conhecimento do que havia acontecido, o pai de família
primeiro dirigiu-se até a porta. E ao encontrá-la ainda fechada, gritou e disse
que era um fantasma. E que os seus olhos estavam fechados para não reconhecer o
poder divino.
2 Este mesmo pai de família, que era o mais velho dentre os juízes da sinagoga
e dos fariseus e dos escribas e dos doutores, foi até José para queixar-se de
Jesus, que havia feito novas maravilhas entre o povo, de maneira que já era
venerado como Deus; e, exaltando-se, disse: "Olha que nossos jovens, entre
os quais está meu filho, estão seguindo Jesus até o campo de Sicar". E,
cheio de raiva, pegou um pau com intenção de bater em Jesus, e seguiu-o até um
monte em cujo sopé estende-se uma plantação de favas. Jesus, porém, escapou da
sua ira dando um pulo do cume da montanha até um ponto distante, como a flecha
de um arco. E os outros meninos, querendo dar o mesmo salto, caíram no
precipício, fraturando pernas, braços e pescoços. E por esse motivo levantou-se
um enorme protesto diante de Maria e José; Jesus, porém, curou a todos e
deixou-os mais sadios ainda que antes. Ao ver isto, então, o arquissinagogo,
que era o pai do rapaz preso, e todos os outros presentes, adoraram por sua vez
a Deus Adonai. E o lugar onde Jesus deu o salto chama-se até hoje o "Salto
do Senhor".
3 E aconteceu que, sendo época de semeadura, José saiu para semear o trigo. E
Jesus seguiu-o. Depois José começou sua faina, e espalhou as sementes até o
limite da propriedade. Depois José veio ceifar no tempo da colheita. E também
Jesus veio recolher as espigas que havia semeado, e sua colheita foi de cem
alqueires de riquíssimo trigo, quantidade que nem três ou quatro campos juntos
produziam. E José disse: "Chamai os pobres, órfãos e viúvas e reparti com
eles o trigo da minha colheita". E assim se fez. Mas, ao distribuí-lo,
sobreveio um extraordinário e inesperado aumento. Os pobres que foram com ele
supridos abençoaram o Senhor de todo o coração, dizendo que o Senhor Deus de
Israel havia visitado o seu povo.
4 De novo aconteceu em um dia de semeadura que Jesus ia atravessando a Ásia e
viu um lavrador que semeava certa espécie de legume chamado grão-de-bico, em
uma propriedade próxima ao túmulo de Raquel, entre Jerusalém e Belém. Jesus lhe
disse: "Homem, que estás semeando?" Mas ele, com raiva e zombando do
fato de que um jovem daquela idade lhe fazia tal pergunta, respondeu:
"Pedras". E Jesus, por sua vez, lhe disse: "Tens razão, porque
efetivamente são pedras". E todos aqueles grãos-de-bico transformaram-se
em duríssimas pedras, que ainda conservam a forma de grãos-de-bico, a cor, bem
como o pequeno olho na cabeça. E desta maneira todos aqueles grãos, tanto os já
semeados quanto aqueles que iriam ser semeados, transformaram-se em pedras. E
até hoje, procurando-as com cuidado, pode-se encontrar as tais pedras nesse
campo.
5 Outro dia de manhã, quando o orvalho ainda suavizava o calor do sol, José e
Maria vinham subindo do lado de Tiro e Sidon em direção a Nazaré. E à medida
que o sol ia subindo, Maria sentia-se cada vez mais sufocada, até que sentou-se
no chão muito cansada. E disse a José: "Continua subindo esta temperatura
que me afoga; que se poderá fazer? Não vejo por aqui nenhuma sombra onde possa
proteger-me". E levantando suas mãos aos céus, orou dizendo: "Oh
Virtude do Altíssimo! Segundo aquela doce palavra que ouvi uma vez e que vinha
de ti, protege-me com tua sombra; que minh ‘alma viva e me seja dado o teu
refrigério". E Jesus, ao ouvir essas palavras, alegrou-se e fincou no solo
um pau seco que levava na mão para servir-lhe de bastão, dizendo com voz
imperiosa: "Proporciona neste momento uma sombra agradável para minha
mãe". E no mesmo instante aquela vara converteu-se em uma árvore copada e
frondosa, que lhes ofereceu um doce refrigério para seu descanso.
6 Um dia de inverno fazia um sol esplêndido, e um raio de sol estendeu-se e
veio, pela janela, incidir na parede da casa de José. E por ali estavam os
jovens da vizinhança, companheiros de Jesus, correndo pela casa; Jesus montou o
raio de sol e, colocando suas vestes em cima dele, sentou-se como se estivesse
acomodado sobre uma firmíssima viga. Ao ver isso, seus companheiros pensaram
que seriam capazes de fazer o mesmo. E tentaram subir para sentar-se com Jesus,
imitando-lhe o jogo. Mas despencaram gritando: "Estamos nos fazendo em
pedaços". Jesus, porém, atendendo aos rogos de Maria e de José, pôs-se a
curar as lesões de todos os feridos soprando levemente no lugar machucado,
dizendo: "O Espírito assopra onde quer e devolve a saúde a quem lhe
apraz". E todos foram embora curados. E contaram todas estas coisas a seus
pais, sendo o fato conhecido em Jerusalém e nos mais remotos confins de Judá.
Com o que a fama de Jesus estendeu-se por todas as províncias. E vieram para
render-lhe graças e serem, por sua vez, abençoados por ele. E lhe disseram:
"Bem-aventurado o ventre que te carregou e os seios que te
amamentaram". José e Maria deram graças a Deus por
todas as coisas que haviam visto e ouvido.
7 Numa outra ocasião, Maria disse ao seu filho: "Olha, filho, vai à fonte
de Gabriel, tira água e traze-a neste cântaro". E submisso às ordens da
mãe, foi. E os meninos da sua idade seguiam-no para vê-lo, levando cada um o
seu cântaro. E, já de volta, Jesus jogou com força o seu cântaro contra uma
rocha que havia no caminho, sem que se rompesse ou produzisse muito barulho. Ao
ver isto os demais fizeram a mesma coisa com os seus, quebrando cada um o seu
cântaro e derramando a água que haviam ido buscar na fonte. Então sobreveio um
tumulto e levantaram-se queixas, mas Jesus recolheu os fragmentos, recompôs os
vasilhames e devolveu-os a cada um, cheios de água. E elevou seus olhos ao céu,
dizendo: "Pai, desta mesma maneira hão de ser consertados os homens que
confusos pereceram". Ficaram todos estupefatos diante daquele feito e
diante daquelas palavras e o louvaram dizendo: "Bendito o que vem em nome
do Senhor. Amém".
4.2. A história de José, o carpinteiro
Assim, José, o Carpinteiro, pai de Cristo segundo a carne, abandonou esta vida
mortal e viveu cento e doze anos. Quando nosso Salvador contou toda a sua vida
aos apóstolos, reunidos no monte das Oliveiras, eles escreveram as suas
palavras, e depois guardaram-nas na biblioteca de Jerusalém, e além disso,
deixaram consignado que o dia no qual o santo ancião separou-se do seu corpo
foi o dia 26 de Epep, na paz do Senhor. Amém.
Capítulo 1
1 E estava um dia nosso bom Salvador no monte das Oliveiras com os discípulos à
sua volta e dirigiu-se a eles com estas palavras: "Meus queridos irmãos,
filhos de meu amado Pai, escolhidos por Ele entre todos do mundo!
2 Bem sabeis o que tantas vezes vos repeti: é necessário que eu seja
crucificado e que experimente a morte; que ressuscite de entre os mortos; que
vos transmita a mensagem do Evangelho para que vós, de vossa parte, o pregueis
por todo o mundo; que eu faça descer sobre vós uma força do alto, a qual vos
impregnará com o Espírito Santo; e que vós, finalmente, pregueis para todas as
pessoas desta maneira: `Fazei penitência'.
3 Porque vale mais um copo de água na vida vindoura que todas as riquezas deste
mundo;
4 e vale mais pôr somente o pé na casa de meu Pai que toda a riqueza deste
mundo;
5 e mais ainda: vale mais uma hora de regozijo para os justos que mil anos para
os pecadores, durante os quais hão de chorar e lamentar, sem que ninguém preste
atenção nem console seus gemidos.
6 Quando, pois, meus queridos amigos, chegue a hora de ir-vos, pregai, que meu
Pai exigirá contas com balança justa e equilibrada e examinará até as palavras
inúteis que possais haver dito.
7 Assim como ninguém pode escapar à mão da morte, da mesma maneira\ninguém pode
subtrair-se de seus próprios atos, sejam eles bons ou maus.
8 Além disso, vos tenho dito muitas vezes, e repito agora, que nenhum forte
poderá salvar-se por sua própria força e nenhum rico pelo tamanho da sua
riqueza.
9 E agora, escutai, que narrar-vos-ei a vida de meu pai, José, o abençoado
ancião carpinteiro.
Capítulo 2
1 "Havia um homem chamado José que veio de Belém, essa vila judia que é a
cidade do rei Davi.
2 Impunha-se pela sua sabedoria e pelo seu oficio de carpinteiro.
3 Este homem, José, uniu-se em santo matrimônio com uma mulher que lhe deu
filhos e filhas: quatro homens e duas mulheres, cujos nomes eram: Judas e
Josetos, Tiago e Simão; suas filhas chamavam-se Lísia e Lídia.
4 E a esposa de José morreu, como está determinado que aconteça a todo homem,
deixando seu filho Tiago ainda menino de pouca idade.
5 José era um homem justo e dava graças a Deus em todos os seus atos. Costumava
viajar para fora da cidade com frequência para exercer o oficio de carpinteiro
em companhia de seus dois filhos, já que vivia do trabalho de suas mãos
conforme o que estabelecia a lei de Moisés.
6 Este homem justo, de quem estou falando, é José, meu pai segundo a carne, com
quem se casou na qualidade de consorte, minha mãe, Maria.
Capítulo 3
1 "Enquanto meu pai José permanecia viúvo, minha mãe, a boa e bendita
entre as mulheres, vivia por sua parte no templo servindo a Deus em toda a
santidade, e havia já completado doze anos. Passara os seus três primeiros anos
na casa de seus pais, e os nove restantes no templo do senhor.
2 E, ao ver que a santa donzela levava uma vida simples e plena de temor a
Deus, os sacerdotes conversaram entre si e disseram: `Busquemos um homem de bem
e celebremos o casamento com ele até que chegue o momento de seu matrimônio,
que não seja por descuido nosso que lhe sobrevenha o período de sua purificação
no templo, nem que venhamos a incorrer num pecado grave.
Capítulo 4
1 "Convocaram então as tribos de Judá e escolheram entre elas doze homens
correspondendo ao número das doze tribos.
2 A sorte recaiu sobre o bom velho José, meu pai segundo a carne.
3 Disseram, então, os sacerdotes à minha mãe, a Virgem: Vai com José e
permanece submissa a ele até que chegue a hora de celebrar teu matrimônio.
4 Então José levou Maria, minha mãe, para sua casa. Ela encontrou o pequeno
Tiago na triste condição de órfão e o cobriu de carinhos e cuidados. Esta foi a
razão pela qual a chamaram Maria a mãe de Tiago.
5
Então, depois de tê-la acomodado em sua casa, José partiu para o local onde
exercia o ofício de carpinteiro.
6 E minha mãe Maria viveu dois anos em sua casa até que chegou o feliz momento.
Capítulo 5
1 "E no décimo quarto ano de idade Eu, Jesus, Vossa Vida, vim habitar nela
por meu próprio desejo.
2 E aos três meses de gravidez o solícito José voltou de suas ocupações. Porém,
ao encontrar minha mãe grávida, presa à turbação e ao medo, pensou secretamente
em abandoná-la. E foi tão grande o desgosto, que não quis comer nem beber
naquele dia.
Capítulo 6
1 "Eis, porém, que durante a noite, mandado por meu Pai, Gabriel, o
arcanjo da alegria, lhe apareceu numa visão e lhe disse: 'José, filho de Davi,
não tenhas cuidado em admitir Maria, tua esposa, em tua companhia. Saberás que
o que foi concebido em seu ventre é fruto do Espírito Santo.
2 Dará, então, à luz um filho, a quem tu porás o nome de Jesus. Ele apascentará
os povos com o cajado de ferro'.
3 Finalmente o anjo desapareceu. E José, voltando do sono, cumpriu o que lhe
havia sido ordenado, admitindo Maria consigo.
Capítulo 7
1 "E então o imperador Augusto fez proclamar que todos deveriam comparecer
ao recenseamento, cada um conforme seu lugar de origem.
2 Também o bom velho se pôs a caminho e levou Maria, minha virgem mãe, até a
sua cidade de Belém. E, como o parto já estava próximo, ele fez o escriba
anotar seu nome da seguinte maneira: 'José, filho de Davi; Maria, sua esposa, e
seu filho Jesus, da tribo de Judá'.
3 E Maria, minha mãe, trouxe-me ao mundo quando retomava de Belém, perto do
túmulo de Raquel, a mulher do patriarca Jacó, a mãe de José e Benjamim.
Capítulo 8
1 "Satanás deu um conselho a Herodes o Grande, pai de Arquelau, aquele que
fez decapitar meu querido parente João.
2 E assim ele me procurou para tirar-me a vida, porque pensava que meu reino
era deste mundo.
3 Meu Pai manifestou isto a José numa visão, e este pôs-se imediatamente em
fuga levado consigo a mim e à minha mãe, em cujos braços eu ia deitado. Salomé
também nos acompanhava. Descemos, então, até o Egito e ali permanecemos por um
ano, até que o corpo de Herodes foi preso da corrupção como castigo justo pelo
sangue dos inocentes que ele havia derramado, e dos quais já nem se lembrava.
Capítulo 9
1 "Quando o iníquo Herodes deixou de existir, voltamos a Israel e fomos
viver em uma vila da Galiléia chamada Nazaré.
2 E meu pai José, o bendito ancião, continuava exercendo o oficio de
carpinteiro, graças ao quê podíamos viver. Jamais poder-se-á dizer que ele
comeu seu pão de graça, mas sim que se conduzia de acordo com o prescrito na
lei de Moisés.
Capítulo 10
1 "E, depois de tanto tempo, seu corpo não se mostrava doente, nem tinha a
vista fraca, nem havia sequer um só dente estragado em sua boca. Nunca lhe
faltou a sensatez e a prudência e sempre conservou intacto o seu sadio juízo,
mesmo já sendo um venerável ancião de cento e onze anos.
Capítulo 11
1 "Seus dois filhos mais velhos, Josetos e Simão, casaram-se e foram viver
em seus próprios lares. Da mesma forma suas duas filhas se casaram, como é
natural entre os homens, e José ficou com o seu pequeno filho Tiago.
2 Eu, de minha parte, desde que minha mãe me trouxe a este mundo, estive sempre
submisso a ele como um menino, e fiz o que é natural entre os homens, exceto
pecar.
3 Chamava Maria de 'minha mãe' e José 'meu pai'. Obedecia-os em tudo o que me pediam,
sem ter jamais me permitido replicar-lhes com uma palavra, mas sim mostrar-lhes
sempre um grande carinho.
Capítulo 12
1 "Chegou, porém, para meu pai José a hora de abandonar este mundo, que é
a sorte de todo homem mortal.
2 Quando seu corpo adoeceu, veio um anjo anunciar-lhe: 'Tua morte dar-se-á
neste ano'.
3 E, sentindo sua alma cheia de turbação, ele fez uma viagem até Jerusalém,
entrou no templo do Senhor, humilhou-se diante do altar e orou desta maneira:
Capítulo 13
1 O Deus, pai de toda misericórdia e Deus de toda carne, Senhor da minha alma,
de meu corpo e do meu espírito!
2 Se é que já se cumpriram todos os dias da vida que me deste neste mundo,
rogo-te, Senhor Deus, que envies o arcanjo Michael para que fique do meu lado
até que minha desditada alma saia do corpo sem dor nem turbação.
3 Porque a morte é para todos causa de dor e turbação, quer se trate de um
homem, de um animal doméstico ou selvagem, ou ainda de um verme ou um pássaro;
4 em uma palavra, é muito dolorosa para todas as criaturas que vivem sob o céu
e que alentam um sopro de espírito para suportar o transe de ver sua alma
separada de seu corpo.
5 Agora, então, meu Senhor, faz com que o teu anjo fique do lado da minha alma
e do meu corpo, que esta recíproca separação se consuma sem dor.
6 Não permitas que aquele anjo que me foi dado no dia em que saí de teu seio
volte seu rosto irado para mim ao longo deste caminho que empreendo até vós,
mas sim que ele se mostre amável e pacífico.
7 Não permitas que aqueles cujas faces mudam dificultem a minha ida até vós.
8 Não consintas que minha alma caia em mãos do Cérbero e não me confundas em
teu formidável tribunal.
9 Não permitas que as ondas deste rio de fogo, nas quais serão envolvidas todas
as almas antes de ver a glória de teu rosto, voltem-se furiosas contra mim.
10 Oh Deus! Que julgais a todos na Verdade e na Justiça, oxalá tua misericórdia
sirva-me agora de consolo, já que sois a fonte de todos os bens, e a ti se deve
toda a glória pela eternidade das eternidades! Amém.'
Capítulo 14
1 "E aconteceu que, ao voltar à sua residência habitual de Nazaré, viu-se
atacado pela doença que havia de levá-lo ao túmulo.
2 Esta apresentou-se de forma mais alarmante do que em qualquer outra ocasião
de sua vida, desde o dia em que nasceu.
3 Eis aqui, resumida, a vida de meu querido pai José:
4 Ao chegar aos quarenta anos, contraiu matrimônio, no qual viveu outros
quarenta e nove. Depois que sua mulher morreu, passou somente um ano.
5 Minha mãe logo passou dois anos em sua casa, depois que os sacerdotes
confiaram-na com estas palavras: 'Guarda-a até o tempo em que se celebre vosso
matrimônio'.
6 Ao começar o terceiro ano de sua permanência ali — tinha nessa época quinze
anos de idade — trouxe-me ao mundo de um modo misterioso, que ninguém entre
toda a criação pode conhecer, com exceção de mim, meu Pai e o Espírito Santo,
que formamos uma unidade.
Capítulo 15
1 "A vida de meu pai José, o abençoado ancião, compreendeu cento e onze
anos, conforme determinara meu bom Pai.
2 O dia em que se separou do corpo foi o dia 26 do mês de Epep.
3 Então o ouro acentuado de sua carne começou a desfazer-se, e a prata da sua
inteligência e razão sofreu alterações.
4 Esqueceu-se de comer e de beber, e a destreza no desempenho de seu oficio
passou a declinar.
5 E aconteceu que, ao amanhecer do dia 26 de Epep, enquanto estava em seu leito
foi tomado de uma grande agitação: gemeu forte, bateu palmas três vezes e, fora
de si, pôs-se a gritar dizendo:
Capítulo 16
1 'Ai miserável de mim! Ai do dia em que minha mãe trouxe-me ao mundo!
2 Ai do seio materno do qual recebi o germe da vida! Ai dos peitos que me
amamentaram!
3 Ai do regaço em que me reclinei! Ai das mãos que me sustentaram até o dia em
que cresci e comecei a pecar!
4 Ai de minha língua e de meus lábios que proferiram injúrias, enganos,
infâmias e calúnias!
5 Ai dos meus olhos, que viram o escândalo!
6 Ai dos meus ouvidos que escutaram conversações frívolas!
7 Ai das minhas mãos que subtraíram coisas que não lhes pertenciam!
8 Ai do meu estômago e do meu ventre que ambicionaram o que não era deles!
Quando alguma coisa lhes era apresentada, devoravam-na com mais avidez do que
poderia fazê-lo o próprio fogo.
9 Ai dos meus pés que fizeram um mau serviço ao meu corpo, já que o levaram por
maus caminhos!
10 Ai do meu corpo todo que deixou a minha alma reduzida a um deserto,
afastando-a de Deus que a criou!
11 Que farei agora? Não encontro saída em parte alguma.
12 Em verdade é que pobres dos homens que são pecadores!
13 Esta é a angústia que se apoderou de meu pai Jacob em sua agonia, a qual
veio hoje a ter comigo, infeliz.
14 Mas oh Senhor, meu Deus, que és o mediador de minha alma e de meu corpo e de
meu espírito, cumpre em mim a tua divina vontade.'
Capítulo 17
1 "Quando terminou de dizer essas palavras, entrei no local onde ele se
encontrava e ao vê-lo agitado de corpo e de alma, disse-lhe: `Salve, José, meu
querido pai, ancião bom e abençoado'.
2 Ele respondeu, ainda tomado por um medo mortal: 'Salve mil vezes, querido
filho. Ao ouvir tua voz, minha alma recupera sua tranquilidade.
3 Jesus, meu Senhor; Jesus, meu verdadeiro rei, meu salvador bom e
misericordioso; Jesus, meu libertador; Jesus, meu guia; Jesus, meu protetor; Jesus,
em cuja bondade encontra-se tudo; Jesus, cujo nome é suave e forte na boca de
todos; Jesus, olho que vê e ouvido que ouve verdadeiramente: escuta-me hoje,
teu servidor, quando elevo meus rogos e verto meus lamentos diante de ti.
4 Em verdade tu és Deus. Tu és o Senhor, conforme me tem repetido muitas vezes
o anjo, sobretudo naquele dia em que suspeitas humanas se aninharam em meu
coração ao observar os sinais de gravidez da Virgem sem mácula, e eu havia
decidido abandoná-la.
5 Mas, quando eu estava pensando nisto, um anjo apareceu-me em sonhos e me
disse: José, filho de Davi, não tenhas receio em receber Maria como esposa,
pois o que há de dar à luz é fruto do Espírito Santo.
6 Não guardes suspeita alguma a respeito de sua gravidez. Ela trará ao mundo um
filho e tu dar-lhe-ás o nome de Jesus'.
7 Tu és Jesus Cristo, o salvador da minha alma, de meu corpo e de meu espírito.
Não me condenes, teu servo e obra de tuas mãos.
8 Eu não sabia nem conhecia o mistério de teu maravilhoso nascimento e jamais
havia ouvido que uma mulher pudesse conceber sem a obra de um homem e que uma
virgem pudesse dar à luz sem romper o selo de sua virgindade.
9 Oh meu Senhor! Se não tivesse conhecido a lei deste mistério, não teria
acreditar em ti, nem em teu santo nascimento, nem rendido honras a Maria, a
Virgem, que te trouxe a este mundo.
10 Recordo ainda aquele dia em que um menino morreu por causa da mordida de uma
serpente.
11 Seus familiares vieram a ti com intenção de entregar-te a Herodes.
12 Mas tua misericórdia alcançou a pobre vítima e lhe devolveste a vida para
dissipar aquela calúnia que te faziam, como causador da sua morte. Pelo que
houve uma grande alegria na casa do defunto.
13 Então eu te peguei pela orelha e te disse: 'Não sejas imprudente, meu
filho'.
14 E tu me ameaçaste desta maneira: 'Se não fosses meu pai segundo a carne,
dar-te-ia a entender que é isto o que acabas de fazer'.
15 Sim, pois, ó meu Senhor e Deus, esta é a razão pela qual vieste em tom de
juízo e pela qual permitiste que recaíssem sobre mim estes terríveis
presságios, suplico-te que não me coloques diante do teu tribunal para lutar
comigo.
16 Eis que eu sou teu servo e filho de tua escrava.
17 Se houveres por bem romper meus grilhões, oferecer-te-ei um santo
sacrifício, que não será outro senão a confissão da tua divina glória, de que
tu és Jesus Cristo, filho verdadeiro de Deus e, por outro lado, filho
verdadeiro do homem'.
Capítulo 18
1 "Quando meu pai disse estas palavras, eu não pude conter as lágrimas e
me pus a chorar, vendo como a morte vinha apoderando-se dele pouco a pouco e
ouvindo, sobretudo, as palavras cheias de amargura que saíam da sua boca.
2 Naquele momento, meus queridos irmãos, veio-me ao pensamento a morte na cruz
que haveria de sofrer pela vida de todo mundo.
3 E então Maria, minha querida mãe, cujo nome é doce para todos os que me amam,
levantou-se e disse-me, tendo seu coração inundado na amargura: 'Ai de mim,
filho querido! Então está à morte o bom e abençoado ancião José, teu pai
querido e adorado?'
4 Eu lhe respondi: 'Oh, minha mãe querida! E quem entre os humanos ver-se-á
livre da necessidade de ter de encarar a morte?
5 Esta é dona de toda a humanidade, oh, mãe bendita!
6 E mesmo tu hás de morrer como todos os outros homens.
7 Mas nem tua morte nem a de meu pai José pode chamar-se propriamente morte,
mas vida eterna ininterrupta.
8 Também eu hei de passar por este transe por causa da carne mortal com a qual
estou revestido.
9 Agora, porém, mãe querida, levanta-te e vai até onde está o abençoado ancião
José para que possas ver o lugar que o aguarda lá no alto'.
Capítulo 19
1 "Levantou-se, então, entrou no local onde ele se encontrava e pôde
apreciar os sinais evidentes da morte que já se refletiam nele.
2 Eu, meus queridos, postei-me em sua cabeceira, e minha mãe aos seus pés.
3 Ele fixava seus olhos no meu rosto, sem poder sequer dirigir-me uma palavra,
já que a morte apoderava-se dele pouco a pouco.
4 Então, elevou seu olhar até o alto e deixou escapar um forte gemido.
5 Eu segurei suas mãos e seus pés durante um longo tempo, e ele me olhava
suplicando-me que não o abandonasse nas mãos dos seus inimigos.
6 Eu coloquei minha mão sobre seu peito e notei que sua alma já havia subido até
a sua garganta para deixar seu corpo. Mas ainda não havia chegado o momento
supremo da morte, caso contrário, não teria podido aguentar mais. Não obstante,
as lágrimas, a comoção e o abatimento que sempre a precedem já se faziam
presentes.
Capítulo 20
1 "Quando minha mãe querida viu-me apalpar o seu corpo, quis ela de sua
parte apalpar os pés, e notou que o alento havia fugido juntamente com o calor.
2 Então dirigiu-se a mim e disse-me ingenuamente: 'Obrigada, filho querido,
pois desde o momento em que puseste tua mão sobre seu corpo, a febre o
abandonou.
3 Vê, seus membros estão frios como o gelo'.
4 Eu chamei os seus filhos e filhas e lhes disse: `Falai agora com vosso pai,
que este é o momento de fazê-lo, antes que sua boca deixe de falar e seu corpo
fique hirto'.
5 E seus filhos e filhas falaram com ele. Mas sua vida estava minada por aquela
doença mortal que provocaria sua saída deste mundo.
6 Então Lísia, filha de José, levantou-se para dizer aos seus irmãos: 'Juro,
queridos irmãos, que esta é a mesma doença que derrubou a nossa mãe e que não
voltou a aparecer por aqui até agora.
7 O mesmo acontece com o nosso pai José, para que não voltemos a vê-lo senão na
eternidade".
8 Então os filhos de José irromperam em lamentos, Maria, minha mãe, e eu, de
nossa parte, unimo-nos ao seu pranto pois, efetivamente, já havia chegado a
hora da sua morte.
Capítulo 21
1 "Pus-me a olhar para o sul e vi a morte dirigir-se à nossa casa. Vinha
seguida de AMENTI, que é seu satélite, e do Diabo, a quem acompanhava uma
multidão de esbirros vestidos de fogo, cujas bocas vomitavam fumaça e enxofre.
2 Ao levantar os olhos, meu pai deparou-se com aquele cortejo que o olhava com
rosto colérico e raivoso, do mesmo modo que costuma olhar todas as almas que
saem do corpo, particularmente aquelas que são pecadoras e que considera como
propriedade sua.
3 Diante da visão deste espetáculo, os olhos do bom velho anuviaram-se de
lágrimas.
4 Foi este o momento em que meu pai exalou sua alma com um grande suspiro,
enquanto procurava encontrar um lugar onde se esconder e salvar-se.
5 Quando observei o suspiro de meu pai, provocado pela visão daquelas forças
até então desconhecidas para ele, levantei-me rapidamente e expulsei o Diabo e
todo seu cortejo.
6 E eles fugiram envergonha dos e confusos.
7 E ninguém entre os presentes, nem mesmo minha própria mãe Maria, apercebeu-se
da presença daqueles terríveis esquadrões que saem à caça de almas humanas.
8 Quando a morte percebeu que eu havia expulsado e mandado embora as potestades
infernais, para que não pudessem espalhar armadilhas, encheu-se de pavor.
9 Levantei-me apressadamente e dirigi esta oração a meu Pai, o Deus de toda
misericórdia:
Capítulo 22
1 'Meu Pai misericordioso, Pai da verdade, olho que vê e ouvido que ouve:
escuta-me, que eu sou teu filho querido; peço-te por meu pai José, a obra de
vossas mãos. Envia-me um grande coro de anjos juntamente com Michael, o
administrador dos bens, e com Gabriel, o bom mensageiro da luz, para que
acompanhem a alma de meu pai José até que se tenha livrado do sétimo ÉON tenebroso.
De forma que não se veja forçado a empreender esses caminhos infernais,
terríveis para o viajante por estarem infestados de gênios malignos e
saqueadores, e por ter de atravessar esse lugar espantoso por onde corre um rio
de fogo igual às ondas do mar.
2 Sede, além disso, piedoso para com a alma de meu pai José quando ela vier
repousar em vossas mãos, pois é este o momento em que mais necessita da tua misericórdia'.
3 Eu vos digo, veneráveis irmãos e abençoados apóstolos, que todo homem que,
chegando a discernir entre o bem e o mal, tenha consumido seu tempo seguindo a
fascinação dos seus olhos, quando chegue a hora de sua morte e tenha de libertar
o passo para comparecer diante do tribunal terrível e fazer sua própria defesa,
ver-se-á necessitado da piedade de meu bom Pai.
4 Continuemos, porém, relatando o desenlace de meu pai, o abençoado ancião.
Capítulo 23
1 "E quando eu disse amém, Maria, minha mãe, respondeu na língua falada
pelos habitantes do céu.
2 E no mesmo instante Michael, Gabriel e anjos, em coro, vindos do céu, voaram
sobre o corpo de meu pai José.
3 Em seguida, intensificaram-se os lamentos próprios da morte, e soube então
que havia chegado o momento desolador.
4 Sofria meu pai dores parecidas com as de uma mulher no parto, enquanto que a
febre o castigava da mesma maneira que um forte furacão ou um imenso fogo devasta
um espesso bosque.
5 A morte, cheia de medo, não ousava lançar-se sobre o corpo de meu pai para
separá-lo da alma, pois seu olhar havia dado comigo, que estava sentado à sua
cabeceira com as mãos sobre suas têmporas.
6 E, quando me apercebi de que a morte tinha medo de entrar por minha causa,
levantei-me, dirigi meus passos até o lado de fora da porta e encontrei-a só e
amedrontada, em atitude de espera.
7 Eu disse-lhe: 'á tu, que vens do Meio-dia, entra rapidamente e cumpre o que
ordenou-te meu Pai.
8 Porém, guarda José como a menina dos teus olhos, posto que é meu pai segundo
a carne e compartilhou a dor comigo durante os anos da minha infância, quando
teve de fugir de um lado para outro por causa das maquinações de Herodes, e
ensinou-me como costumam fazer os pais para o proveito dos seus filhos'.
9 Então Abbadão entrou, tomou a alma de meu pai José e separou-a do corpo no
mesmo instante em que o sol fazia sua aparição no horizonte, no dia 26 do mês
de Epep, em paz.
10 A vida de meu pai compreendeu cento e
onze anos.
11 Michael e Gabriel pegaram cada qual
em um extremo de um pano de seda e nele depositaram a alma de meu querido pai,
José, depois de tê-la beijado reverentemente.
12 Enquanto isso, nenhum dos que rodeavam José havia percebido a sua morte, nem
sequer minha mãe Maria.
13 Eu confiei a alma do meu querido pai José a Michael e Gabriel, para que a
guardassem contra os raptores que saqueiam pelo caminho, e encarreguei os
espíritos incorpóreos de continuarem cantando canções até que, finalmente,
depositaram-no junto a meu Pai no céu.
Capítulo 24
1 "Então inclinei-me sobre o corpo inerte de meu pai. Cerrei seus olhos,
fechei sua boca e levantei-me para contemplá-lo.
2 Depois disse à Virgem: 'á Maria, minha mãe, onde estão os objetos de
artesanato feitos por ele desde sua infância até hoje? Neste momento todos eles
passaram, como se ele não tivesse sequer vindo a este mundo'.
3 Quando seus filhos e filhas ouviram-me dizer isto a Maria, minha mãe
virginal, perguntaram-me com vozes fortes e lamentos: 'Será que nosso pai
morreu sem que nós nos apercebêssemos?'
4 Eu lhes disse: 'Efetivamente, morreu; mas sua morte não é morte, porém vida
eterna.
5 Grandes coisas esperam nosso querido pai José. Desde o momento em que sua
alma saiu do seu corpo, desapareceu para ele toda espécie de dor. Ele se pôs a
caminho do reino eterno, deixou atrás de si o peso da carne, com todo este
mundo de dor e de preocupações, e foi para o lugar de repouso que tem meu Pai
nesses céus que nunca serão destruídos.
6 Mas ao dizer a meus irmãos: 'Vosso pai José, o abençoado ancião,
morreu', eles levantaram-se, rasgaram suas vestes e o choraram durante um longo
tempo.
Capítulo 25
1 "Quando os habitantes de Nazaré e de toda a Galiléia inteiraram-se da
triste nova, acudiram em massa ao lugar onde nos encontrávamos. De acordo com a
lei dos judeus, passaram todo o dia dando sinais de luto até que chegou a nona
hora.
2 Então despedi todos, derramei água sobre o corpo de meu pai José, ungi-o com
bálsamo e dirigi ao meu Pai amado, que está nos céus, uma oração celestial que
havia escrito com meus próprios dedos antes de encarnar-me nas entranhas da
Virgem Maria.
3 E ao dizer' Amém' veio uma multidão de anjos. Mandei que dois deles
estendessem um manto para depositar nele o corpo de meu pai José para que o
amortalhassem.
Capítulo 26
1 "Pus então minhas mãos sobre o seu corpo e disse: `Não serás vítima da
fetidez da mor te. Que teus ouvidos não sofram corrupção. Que não emane
podridão de teu corpo. Que não se perca na terra a tua mortalha nem a tua
carne, mas que fiquem intactas, aderidas ao teu corpo até o dia do convite dos
dois mil anos. Que não envelheçam, querido pai, esses cabelos que tantas vezes
acariciei com minhas mãos. E que a boa sorte esteja contigo.
2 Aquele que se preocupar em levar uma oferenda ao teu santuário no dia de tua
comemoração, eu o abençoarei com afluxos de dons celestiais.
3 Assim mesmo, a todo aquele que der pão a um pobre em teu nome, não permitirei
que se veja agoniado pela necessidade de quaisquer bens deste mundo durante
todos os dias de sua vida.
4 Conceder-te-ei que possas convidar ao banquete dos mil anos a todos aqueles
que no dia de tua comemoração ponham um copo de vinho na mão de um forasteiro,
de uma viúva ou de um órfão.
5 Hei de dar-te de presente, enquanto vivam neste mundo, a todos os que se
dediquem a escrever o livro da tua saída deste mundo e a consignar todas as
palavras que hoje saíram de minha boca; e, quando abandonarem este mundo, farei
com que desapareça o livro no qual estão escritos seus pecados e que não sofram
nenhum tormento, além da inevitável morte e do rio de fogo que está diante do
meu Pai para purificar toda a espécie de almas.
6 E se acontecer que um pobre, não podendo fazer nada do que foi dito, ponha o
nome de José em um de seus filhos em tua honra, farei com que naquela casa não
entre a fome nem a peste, pois o teu nome habita ali de verdade'.
Capítulo 27
1 "E então os anciãos da cidade apresentaram-se na casa enlutada
acompanhados daqueles que procediam ao sepultamento à maneira judia.
2 E encontraram o cadáver já preparado para o enterro. A mortalha se havia
aderido fortemente ao seu corpo, como se a houvessem atado com grampos de
ferro, e não puderam encontrar sua abertura quando removeram o cadáver.
3 Em seguida, passou-se a conduzir o morto até seu túmulo.
4 E quando chegaram até ele e estavam já preparados para abrir sua entrada e
colocá-lo junto aos restos de seu pai, veio-me à mente a lembrança do dia em
que me levou até o Egito e das grandes preocupações que assumiu por mim, não
pude deixar de atirar-me sobre o seu corpo e chorar por um longo tempo,
dizendo:
Capítulo 28
1 'Ah morte, de quantas lágrimas e lamentos és causa! Esse poder, porém, vem
d'Aquele que tem sob o seu domínio todo o universo.
2 Por isso tal reprovação não vai tanto contra a morte senão contra Adão e Eva.
3 A morte não atua nunca sem uma prévia ordem de meu Pai.
4 Existem aqueles que viveram mais de novecentos anos e outros ainda muito mais
tempo.
5 Entretanto, nenhum deles disse: 'Eu vi a morte' ou 'vinha de tempos em tempos
atormentar-me'.
6 Senão que ela traz uma só vez a dor, e ainda assim é meu bom Pai quem a
envia.
7 E, quando vem em busca do homem, ela sabe que tal resolução provém do céu.
8 Se a sentença vem carregada de raiva, a morte também se manifesta colérica
para cumprir sua incumbência, pegando a alma do homem e entregando-a ao seu
Senhor.
9 A morte não tem atribuições para atirar o homem ao inferno nem para
introduzi-lo no reino celestial.
10 A morte cumpre de fato a missão de Deus, ao contrário de Adão, que, ao não
submeter-se à vontade divina, cometeu uma transgressão. Ele irritou meu Pai
contra si por haver preferido dar ouvidos à sua mulher antes de obedecer à sua
missão, e assim todo ser vivo ficou implacavelmente condenado à morte.
11 Se Adão não houvesse sido desobediente, meu Pai não o teria castigado com
esta terrível sina.
12 O que impede agora que eu faça uma oração ao meu bom Pai para que envie um
grande carro luminoso para elevar José, a fim de que não prove das amarguras da
morte e que o transporte ao lugar de repouso, na mesma carne que trouxe ao
mundo, para que ali viva com meus anjos incorpóreos?
13 A transgressão de Adão foi a causa de sobrevirem esses grandes males sobre a
humanidade juntamente com o irremediável da morte.
14 E embora eu mesmo carregue também esta carne concebida na dor, devo provar
com ela da morte para que possa apiedar-me das criaturas que formei'.
Capítulo 29
1 "Enquanto eu dizia essas coisas abraçadas ao corpo de meu pai José e
chorando sobre ele,
2 abriram a entrada do sepulcro e depositaram o cadáver junto ao de seu pai
Jacob.
3 Sua vida foi de cento e onze anos, sem que ao fim de tanto tempo um só dente
tivesse ficado estragado em sua boca ou sem que seus olhos se tornassem fracos,
senão que todo o seu aspecto assemelhava-se ao de um afetuoso menino.
4 Nunca esteve doente, senão que trabalhou continuamente em seu oficio de
carpinteiro até o dia que sobreveio a doença que haveria de levá-lo ao
sepulcro."
Capítulo 30
1 E quando nós, os apóstolos, ouvimos tais coisas dos lábios de nosso Salvador,
pusemo-nos em pé cheios de prazer e passamos a adorar suas mãos e seus pés,
dizendo com o êxtase da alegria: "Damos-te graças, nosso Senhor e
Salvador, por te haveres dignado a presentearmos com essas palavras saídas de
teus lábios.
2 Mas não deixamos de admirar, ó bom Salvador, pois não entendemos como,
havendo concedido a imortalidade a Elias e a Enoque, já que estão desfrutando
dos bens na mesma carne com que nasceram sem que tenham sido vítimas da
corrupção,
3 e agora, tratando-se do bendito ancião José o Carpinteiro, a quem concedeste
a grande honra de chamá-lo teu pai e de obedecê-lo em todas as coisas, a nós
mesmos nos encarregaste: 'Quando fordes revestidos da mesma força recebereis a
voz de meu Pai, isto é, o Espírito Parácleto, e sereis enviados para
pregar o evangelho, e pregai também ao meu querido pai, José';
4 e, ainda: 'Consignai estas palavras de vida no testamento de sua partida deste
mundo';
5 e 'lê as palavras deste testamento nos dias solenes e festivos';
6 e 'quem não tiver aprendido a ler corretamente, não deve ler este testamento
nos dias festivos';
7 e, finalmente, 'quem suprimir ou adicionar algo a estas palavras de maneira a
fazer-me embusteiro, será réu de minha vingança'.
8 Admira-nos, repetimos, aquele que, havendo chamado teu pai segundo a carne
desde o dia em que nasceste em Belém, não lhe tenhas concedido a imortalidade para
viver eternamente".
Capítulo 31
1 Nosso Salvador respondeu dizendo-lhes: "A sentença pronunciada por meu
Pai contra Adão não deixará de ser cumprida, já que este não foi obediente aos
mandamentos.
2 Quando meu Pai destina a alguém ser justo, este vem a ser imediatamente o seu
eleito.
3 Se um homem ofende a Deus por amar as obras do demônio, acaso ignora que um
dia virá a cair em suas mãos se seguir impenitente, mesmo se lhe concederem
longos dias de vida?
4 Se, ao contrário, alguém vive muito tempo fazendo sempre boas obras, serão
exatamente elas que o farão velho.
5 Quando Deus vê que alguém segue o caminho da perdição, costuma conceder-lhe
um curto prazo de vida e o faz desaparecer na metade dos seus dias.
6 Quanto aos demais, hão de ter o exato cumprimento das profecias ditadas por
meu Pai acerca da humanidade, e todas as coisas hão de suceder de acordo com
elas.
7 Haveis citado o caso de Enoque e de Elias: `Eles', dizeis, 'continuam vivendo
e conservam a carne que trouxeram a este mundo; por que, então, em se tratando
de teu pai, não lhe permitiste conservar seu corpo?'
8 Então eu digo que, mesmo que houvesse chegado a ter mais dez mil anos, sempre
incorreria na mesma necessidade de morrer.
9 Mais ainda, eu asseguro que sempre que Enoque e Elias pensam na morte,
desejariam já havê-la sofrido a verem-se assim, livres da necessidade que lhes
é imposta, já que deverão morrer num dia de turbação, de medo, de gritos, de
perdição e de aflição.
10 Pois haveis de saber que o anticristo há de matar estes homens e derramar
seu sangue na terra como a água de um copo por causa das incriminações que lhe
imputarão quando os acusarem".
Capítulo 32
1 Nós respondemos dizendo: "Nosso Senhor e Deus, quem são esses dois
homens dos quais disseste que o filho da perdição matará por um copo de
água?"
2 Jesus, nosso Salvador e nossa vida, respondeu: "Enoque e Elias".
3 E, ao ouvir estas palavras da boca de nosso Salvador, se nos encheu o coração
de prazer e de alegria. Por isso lhe rendemos homenagens e graças como nosso
Senhor, nosso Deus e nosso Salvador, Jesus Cristo, por meio de quem vão para o
Pai toda glória e toda honra juntamente com Ele e com o Espírito Santo
vivificador, agora, por todo o tempo e pela eternidade das eternidades. Amém!
5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante
o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa verificou-se que a genealogia de
Jesus tem 14 gerações até Jacó,
que gerou José – marido de Maria – da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo. José
era um carpinteiro que vivia em Nazaré, uma pequena aldeia na região da baixa
Galiléia, era descendente do rei Davi e residia no pequeno povoado de Nazaré;
João, o apóstolo do novo testamento, apenas o menciona como membro da Sagrada
Família; ao passo que Marcos, o também apóstolo bíblico do novo testamento, sequer
cita expressamente seu nome.
De
acordo com o evangelho apócrifo: José tinha o oficio de carpinteiro. Ele uniu-se
em santo matrimônio com uma mulher que lhe deu filhos e filhas: quatro homens e
duas mulheres: Judas, Josetos, Tiago e Simão; suas filhas chamavam-se Lísia e
Lídia. E a sua esposa morreu, como está determinado que aconteça a todo homem,
deixando seu filho Tiago ainda menino de pouca idade. Então, depois de ficar
noivo de Maria – a virgem santa, descobriu que ela estava grávida, não quis se
divorciar para que ela não sofresse o apedrejamento de morte conforme a lei religiosa
daquele tempo. Mas, José ao ser visitado em sonhos pelo Anjo de Deus foi lhe
revelado sobre a sua missão e que ele desse o nome ao filho de Maria, de Jesus.
Os
estudiosos e profetas e apóstolos da Bíblia Sagrada afirmam que José casou-se
com Maria aos 30 anos de idade, sendo viúvo, com filhos do primeiro casamento e
foi escolhido a dedo por Deus para guardar a virgindade de Maria. Também
afirmam que morreu aos 60 anos de idade, antes do início da vida pública de
Jesus, pois a partir deste momento não é citado mais nos textos bíblicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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em: https://pt.slideshare.net/HumbertoRosas/evangelhos-apcrifos-a-histria-de-jos-carpinteiro. Acessado em: 23 de abril de 2020.
BÍBLIA, Sagrada. Tradução da Vulgata pelo Pe.
Matos Soares. Introdução a João, pág.
1154. Com aprovação eclesiástica – Edições Paulinas, São Paulo – SP, 1985
CATÓLICOS, Santos e Ícones. História de Sagrada Família. Disponível em:<. https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-sagrada-familia/55/102/.
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CONEGERO, Daniel. História de José, “Pai” de Jesus. Disponível em:
https://estiloadoracao.com/jose-pai-de-jesus/. Acessado em: 24 de abril de
2020.
GRANDE, Camilo Marinha; Portugal. José o carpinteiro (CC), setembro de 2005.
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de Jesus. Bíblia Disponível em: https://www.bibliaon.com/mateus_1/. Acessado em: 24 de abril de 2020.
ZILES, Urbano. Evangelhos Apócrifos.
Tradução e Introdução, 3ª Edição – Coleção Teologia; 17. Porto Alegre, EDIPUCRS,
248 p. – 2004. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=7yvvLyEBvG4C&pg=PA102&lpg=PA102&dq=amenti+(ap%C3%B3crifo)&source=bl&ots=Vtoa9yHsHW&sig=ACfU3U1ivC9tpH6l0R-1aKlAl_h4evKMdQ&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwi95KGEkovpAhU7HLkGHSZIAzMQ6AEwAHoECAcQAQ#v=onepage&q&f=false.
Acessado em: 28 de abril de 2020.